Num canto da sua mente
surgia-lhe uma música clássica que lhe pareceu ligeiramente familiar. Os seus
olhos encontravam-se fixos naquele ponto abstracto da parede, que à força dos movimentos
bruscos, embora compassados, se transformava em riscos ilusórios contra o
branco. Os sons que ecoavam nas paredes daquele espaço pareciam não importar. Nem
tão pouco os corpos que partilhavam aquele espaço.
A sua mente quis concentrar-se
em descobrir apenas o nome daquele trecho que reverberava nos seus neurónios e
tudo o resto ficou mergulhado em algo aparentado ao som subaquático: abafado, lentificado,
difuso. Sentiu algo viscoso de encontro à sua pele, que não identificou. Esta
subtil deixa improvisada, fê-lo fincar com mais força os dedos nas ancas do
corpo que acidentalmente, visto não ter dado pela troca, sodomizava. Devido ao
som dos gemidos abafados pensou que estava a ser bruto e abrandou o ritmo das
suas ancas.
Os músculos responderam, os
gemidos abrandaram.
Tinha agora apenas uma semi-erecção. “ Talvez o álcool…”, desculpou-se, fingindo. Não interessava.
Onde teria ouvido pela última
vez esta melodia?