quinta-feira, novembro 26

Mito

“Santana à Canzana” reivindica um graffiti numa das travessas desta cidade, que me faz sempre sorrir, não tanto pela mensagem anacrónica, mas pela rima e pelo jogo de palavras. Também confesso, gosto da palavra canzana, especialmente quando dita por um grande amigo meu no seu sotaque carregado da nossa cidade invicta.

Consigo me transpor para aquela tarde de inicio de Verão, como viramos uma vez uma lancha na rebentação atlântica da praia da Sacor, miraculosamente, não acertando nas rochas daquela praia de Leça. Tudo isto, porque uma das nossas amigas, campeã de natação, ao subir para a lancha perdeu o soutien e nós ficamos perdidos naquele impressionante par de mamas. Um dia fomos comprar um maço de tabaco a Espanha de mota, e pelo meio predar aquela rapariga provinciana, inocente de Mirandela, só porque sim! Como naquela vez que fomos acampar para a praia de Santa Cruz com umas amigas. Estávamos todos a dormir ao relento, sacos camas justapostos paralelamente, e tu, no centro daquela espécie de código de barras, começas a comer uma gaja, aquela que tinha uns dentes horrorosos, mas era muito bem feitinha, e ninguém se descoseu dali. Como tu, um analfabeto informático, aprendeste a mexer em computadores no advento da internet telefónica, tudo porque um dia te mostrei o mIRC, e tu detectaste aí uma fonte inesgotável de quecas fáceis. Lembraste, quando combinaste e concretizaste com uma rapariga para uma tarde de sexo em Lisboa, tudo isto sem conversa, apenas por mensagens escritas, sendo ela, das melhores amigas da tua namorada da altura? As risadas que nós demos com aquela surda com que andaste a sair, e pela forma como descrevias os gemidos dela; Aquele telefonema a meio da noite com voz enojada, porque a gaja do Barreiro se borrou toda enquanto faziam sexo anal e nem esse facto a parou, e tu tiveste de continuar agoniado. Como percorreste o país, naqueles 6 dias, com encontros marcados com mulheres de meia-idade, solteiras e divorciadas. As brasileiras, a mulatinha, a virgem, as professoras, a tua cunhada, a outra tua cunhada, a tua prima, a "mãe", a amiga da namorada do meu irmão que tinha 17 anos, a que cheirava mal, a fisioterapeuta… Aquela, que combinaste para fazer sexo em grupo, só porque querias confirmar se a pila daquele teu amigo era tão grande como diziam, e como insististe para nos juntarmos os quatro mais a senhora. Como me contaste várias vezes que, por vezes, metias uma caçadeira na boca e dedo no gatilho, e apenas a lembrança dos teus filhos te impedia de atirar a toalha ao chão.

Soube, há algum tempo, que me tentaste convidar para ser padrinho do teu casamento, agora que pareces já ter atingido uma certa maturidade ou estabilidade emocional e aparentas estar mais feliz. Desculpa-me, mas não foi possível. Isso, significou o final de uma Era, a nossa. Já não há espaço, nem vontade para acrescentar às inúmeras aventuras pelas quais passamos juntos. Os teus 42 Anos são uma boa idade para assentar.

quarta-feira, novembro 25

Rape Jokes - Adendum

"A crise já passou, podem continuar a dormir" leio num cartaz no início de uma transversal da Calçada da Glória, onde gosto de passar quando caminho, porque lá estão plantadas umas árvores que normalmente perfumam o ar no verão, e, além disso, vivem muitos gatos vadios, naquilo que me parece ser uma casa abandonada. Hoje está a chover, os perfumes agradáveis estão na época de defeso e apenas o amoníaco do cheiro a mijo de gato me irrita levemente as narinas.
À saída do metro paira uma horda de monhés e chineses a vender guarda-chuvas, antecedidos por uma amálgama de gente recolhida na saída da boca. Olham para o céu...
No meio da multidão, ouço o meu nome. É o senhor Zé. Mais uma personagem do Bairro Alto, muito magro, de cara chupada, ex-colega, ex-alcoólico tornado ex-abstémio. Chamam-lhe o Zé das Travessas, porque está sempre nas encruzilhadas do bairro, a tomar conta da vida alheia. Tem uns expedientes estranhos, com a elite das ruas mais mal afamadas. Curiosamente, vive numa rua e não numa travessa, numa casa da câmara, sem luz nem água - A casa da mãe, versão mais baixa e mais velha dele, até na falta de dentes e no ranger dos maxilares. Abandonou a casa aos 72 anos para ir viver o amor unidireccional, na bica, com um homem muito gordo, que se apaixonou pela sua mísera reforma. - " Não pagas nada?", diz ele, atalhando. - "Café", respondo, talvez com um ar enfastiado. Depois de alguma conversa aborrecida, algo incoerente, em que me narra as suas tentativas para engatar uma enfermeira ou auxiliar do cento de terapia ocupacional que frequenta no Hospital de dia, ao que eu respondo, com tacto, para esquecer essa paixoneta, porque perante as evidências o que ele me narra não há um mínimo de reciprocidade ou interesse...Os Pink Floyd tiveram a sua década de ouro nos anos 70, que a linha condutora das letras do Dark Side of the Moon, fala-nos das diferentes formas de nos alienar-mos nesta sociedade, e, como, cada vez mais faz sentido. Trauteio mentalmente a Brain Damage - quando chegar a casa tenho de meter este álbum no MP3, começo finalmente, após quase uma semana, a ter vontade de cagar, que estará a máquina a fazer neste preciso momento...Gera-se um silêncio, em que ficamos os dois lado-a-lado, duas figuras a contra-luz, a olhar para as portas de vidro, para as pessoas que passam e para os padrões que as gotas desenham na superfície embaciada... - " Sabes pá, qualquer dia apareço aí morto " - " E ninguém quer saber, se isso acontecer..." acrescento mentalmente.

terça-feira, novembro 24

Rape Jokes

já conheci algumas raparigas no meu ciclo de vida. Baixas/altas, magras/gordas, portuguesas/estrangeiras, Completamente insanas/menos insanas... Todas diferentes, algumas únicas... Mas numa coisa são todas iguais: Nenhuma tolera piadas sobre Violações, mesmo que estas sejam articuladas de forma inteligente e com um timing perfeito. Será este o arquétipo feminino de uma Vaca Sagrada?

segunda-feira, novembro 23

4 Chords of the Apocalypse

I hear it in your silence, when you don't speak
What was funny then, isn't funny anymore
I can hear it in your voice, there's always a catch
We're going nowhere, and we're going there fast.
Anything to watch while we are waiting for this Apocalypse.
What more is there to do?
It's nice to be important, but so close to being despised
It's more important to be nice, I guess, than being wise.
I'll take your shoppin', I'll take you dancing too
I'll take you out, all the things you want to do
I'll give you diamonds, and I'll give you space
So be with anyone you want, it's alright with me.
Our time is over
Don't you know that if a time-warp was open
I'd stay right in my place
That war is over.
I hear it in your silence, when you don't speak
There is a quiet crying rage, burning inside you so deep
I'll give you anything, but I'll give you problems
So be with anyone you want, it's alright with me.
I hear it in your voice, can see it in your lips
There's always a catch... I guess that's alright with me
No one's around, but the map says "you are here"
Now I can hear loneliness screaming in my ear.
Our time is over
Don't you know that if a time-warp was open
I'd stay right in my place
The war ain't over yet
This war ain't over yet...
Being nice is only hard when others aren't
Our time is over

domingo, novembro 22

Flecha

Andava eu, por volta das 12:45 a correr na Mata da Machada (é uma boa hora; como vou almoçar a casa da minha mãe, tomo lá banho e assim poupo no gás e na água), quando, ao subir uma íngreme picada, vislumbro um cão no topo da mesma, que impávido, me olha fixamente. Estava eu de atalaia a atingir o meio da subida quando vejo, em cima de bicicletas, o dono do cão e o seu presumível filho; mais descontraído, continuo a subida. O cão, sempre sem ladrar, começa a correr na minha direcção, aproveitando, como um bom entendido em tácticas de cavalaria, o declive a seu favor. Ao ver aquele canídeo de porte médio e pêlo castanho curto a investir na minha direcção, decido parar, mas o dono diz para eu estar à vontade, que ele não fazia mal. Então retomo a minha corrida e o cão mesmo a meu lado, depois de um tête-à-tête de um centésimo de segundo, dá-me uma dentada no braço. E que dentada. Eu solto um daqueles habituais e muito masculinos ais ao mesmo tempo que o dono me ignora e repreende o cão «Flecha, ai ai ai, estás a aparvalhar?!». Nunca fui de recear cães, sempre achei que tinha uma good vibe e que eles sentiam isso mesmo, então gostavam de mim. Agora a única coisa que tenho é o braço inchado e uma grande vontade de rever o cão e afagar-lhe o pêlo, talvez ter sexo com ele, fiquei mesmo com vontade de o conhecer melhor, deve ter uma personalidade interessante. Gosto mesmo de cães. Nham.

sábado, novembro 21

Pequeno Momento Interactivo

Qual o sabor do vosso arroto preferido? (VQR, desafio-te a seres atrevida nesta)
Porque são os brasileiros extremamente irritantes?
Que explicação encontram para o facto de que todos os alunos do sexo masculino da faculdade de psicologia, com mais de 35 anos, deixarem tamanho rastro de putrefacção interna (cheiram mal porra!)?
and
Why she seems so hard to get?

sexta-feira, novembro 20

SIMS

Comprei consolo, no feminino.

Nada

A amálgama de coisas baratas reverbera-me. Escuto os distantes sons da cidade que me envolve, me agrilhoa, me liberta, sons que me acodem com a sua metálica melodia de esperança.

No outro dia meti conversa com uma dentista - já no escuro e bastante suado – ela, no meio de alongamentos, contou-me toda a sua vida ao mesmo tempo que me intimidava com uma demasiada aproximação física e provincianismos excessivos atrozmente marcados por uma peculiar plasticidade facial.

Não consigo entender e às vezes, por mais idiota que pareça, perco tempo a pensar nisto: como consegue quase toda a gente dizer tchau tchau e bjinhus no final de um telefonema? Pode até ser o tipo mais azeiteiro de todos, ressacado, embriagado, que a expressão não é esquecida; pode até ser o tipo com a voz mais grossa, de uma masculinidade bizarra e a cheirar a testosterona e a urina concentrada, que a expressão é usada como algo primário, fundamental, como aqueles urros primatas que permitem o natural avançar do seu frívolo dia-a-dia.

Porque motivo a única verdadeira forma de perdão entre desconhecidos é a condescendência?

Parece o ruído do mar… o eixo norte-sul, a segunda circular. O Atlântico… rugidos de motores e ar, ondas e oscilações permanentes que me chegam ao sensor e me remetem para dias mais húmidos e quentes, penumbras de pés gelados e mergulhos encapuçados pelo sinistro breu que não me inibe. Vento a agitar bandeiras e cordéis, a remexer a areia demasiado fina, demasiado meteorizada, demasiado gasta por calosidades e desperdícios de juventude que se esvai de forma vertiginosa. Que sangue mais tóxico o que corre nestas melosamente ruidosas artérias, vrrrrrrrrmmm, vrrrrrrrrrmmm, constante e ao mesmo tempo compassado, sincopado e aliterado…

De noite faz algum frio e de um aglomerado de gente à entrada/saída da faculdade de psicologia, notam-se clarões sucessivos que acompanham os risos exagerados pela volatilidade social de alguns elementos carregados de carências epidermais. A máquina fotográfica é, como o cigarro, um grande ansiolítico social. Podemos não nos divertir, nem querer ali estar, mas temos uma forma de colorir o tédio e de parecer bem; procura-se um momento qualquer sem significado nenhum, registamo-lo e antes que nos apercebamos, já estamos a bater uma fora de casa.

Podemos, como faz a maioria das pessoas, viajar de encontro ao aborrecimento, mas vá, vamos aos landmarks de uma cidade horrível cheia de gente fútil e antipática e fica tudo registado para mostrarmos às pessoas. «ai ai ai, preciso de uma prova de que aqui estive» E assim se combate a sensação de inutilidade de uma viagem, assim se combate o vazio, a não permanência de algo de que as pessoas tanto precisam para encontrar alívio para o arrependimento de não terem comprado um ar condicionado ou um carro novo.

O meu sono irrita-me com os seus sádicos caprichos e um respirar masculino que não o meu, faz-me perceber quão feio é o mundo. O desespero é tentador e está acessível a qualquer parte do corpo, torna-se difícil afastá-lo na totalidade. Fico tenebrosamente feliz por haver quem crie músicas tristes, mesmo muito tristes, morbidamente lentificadas e indicadoras de grande (des)arranjo interno; se não houvesse quem as fizesse, sentir-me-ia completamente mudo e o meu coração nunca escutaria a arrepiante vibração da melancolia percutida.

Agora é dia e as nuvens lácteas estão completamente imóveis, não fosse o ligeiro abanar das grandes coníferas, eu pensaria que por aqui teria de ficar eternamente.

segunda-feira, novembro 16

You're beginning to feel the exhaustion.

So I start walking.

I can't get enough of your fear.

domingo, novembro 15

Do you want love...

I'll make you feel miserable, with the proper dose of happiness.
Não posso com a tua felicidade. Agonia-me. Devias permanecer como sempre te conheci: frágil e dependente.
Agora que me fazes sentir egoísta, de pouco serves.

quarta-feira, novembro 11

Bairro Alto I

segunda-feira, novembro 9

Re-leituras

“ Everything failed to subdue me. Soon everything seemed dull: another sunrise, the lives of heroes, falling in love, war, the discoveries people made about each other.

(…)

There wasn’t a clear , identifiable emotion within me, except for greed and, possibly, total disgust. I had all the characteristics of a human being – flesh, blood, skin, hair – but my despersonalization was so intense, had gone so deep, that the normal ability to feel compassion had been eradicated, the victim of a slow, purposeful erasure. I was simply imitating reality, a rough resemblance of a human being, with only a dim corner of my mind functioning.”

in “ American Psycho” - Bret Easton Ellis

quinta-feira, novembro 5

Paradoxo II

O escutismo é o maior decepador de virgindades de toda a história da humanidade.

terça-feira, novembro 3

Pateta

Há uns minutos atrás, um colega meu, após uma conversa aparentemente despropositada sobre a sua necessidade de perder peso, revelou-me o acto recente que havia ingenuamente cometido. Tinha, com os seus olhos vivos e sequiosos de beleza feminina, reparado numa rapariga, pelos vistos atraente e a mesma, por um daqueles semi-acasos do destino, sentou-se perto dele. Ele, galante e esquecendo a representação mental de si próprio, foi ter com a tipa de botas até aos joelhos e muito educadamente disse-lhe que a achava "muito gira" e perguntou-lhe se podia saber o seu nome. Ela respondeu negativamente e ele foi-se embora para desespero de todo o sangue que havia entretanto sido chamado à genitália.
Ao saber de tudo isto e apesar de me doerem as costas, elogiei-o o mais que consegui, gabei-o, admirei-o duma forma que apesar de dever muito à sinceridade, pareceu, certamente, verosímil. Disse-lhe que assim é que devíamos todos ser, não devíamos deixar que tudo nos limitasse, qualquer coisa nos pusesse limites. Porque raio haveria ele de conhecer apenas os colegas de aulas ou de trabalho, os familiares ou amigos de amigos? Disse-lhe que ele devia tratar do seu próprio destino e rir-se dessas subtis conspirações que nos limitam até ao tutano. Ele abriu um pouco aquele ar apatetado que tinha, deixou o sorriso doente e os olhos de tristeza abissal recuperaram uma vitalidade para lá daquela que apenas nos dá forças para nos dirigirmos ao precípicio. Animou-se um pouco, por uns instantes. A animação não durou muito tempo e eu senti que os elogios que eu fazia, a admiração que fingia sentir, estava a perder o efeito, a esvair-se por entre as palavras ocas que proferia. Foi-se embora, não suportou a rejeição apesar de concordar comigo quando eu lhe insinuo que se ela lhe dissesse o nome, conseguiria exactamente o mesmo; sente-se mal e passa de uma pessoa muito alegre e extrovertida para um farrapo humano que até mete dó. Foi-se embora cabisbaixo, argumentando que ia estudar. Dedicar-se aos estudos para esquecer, penso eu, porque na realidade, não se conseguirá concentrar na matéria e o neurótico arrependimento por ter tomado tão bravia acção, irá consumi-lo nas próximas semanas. Será que ele morreu, será que vai mudar e deixar de ser o mesmo tipo extrovertido, alegre e apatetado?

domingo, novembro 1

15 dias

Uma vez estive encontradamente apaixonado. Não havia momento complicado que após um breve fechar de olhos, não se tornasse num sorriso. Não havia um daqueles meus crónicos ataques de melancolia que não terminasse com uma lágrima de alegria. Todo o mal era substituído pelo anúncio do meu próprio regresso, por a cada minuto que passava, bom ou mau, péssimo ou horrível, estar cada vez mais para breve o nosso reencontro. A chuva caia, molhava-me, mas era tudo suave, era veludo existencial que apregoava ao meu ouvido, que ria baixinho e soltava murmúrios cheios de um calor que apesar dos quilómetros, não se dissipava nem amainava para uma insípida tepidez. Estava sempre ali, a meu lado, estava sempre por perto, com palavras simples, frases curtas que pouco continham para lá da certeza do sentimento que eu lhe causava. Mas não me conseguia lembrar do seu rosto e isso por vezes inquietava-me, durante um par de minutos, intrigava-me como poderia sentir aquilo tudo, como ela poderia ser a minha panaceia, a minha dopamina, serotonina, acetilcolina, se eu nem conseguia recordar os traços de sua face, a cor exacta do seu cabelo, o formato do seu corpo que por uma vez havia apaixonadamente possuído.
Volto passados quinze dias e subo as escadas para o seu apartamento medíocre mas bem localizado, lá em cima, a porta destranca-se e abre-se apenas um pouco, ela não sai para me ver a subir as escadas, apenas uma faixa de luz amarela se projecta para a escadaria gasta de tantas vezes ter sido pisada. Estou muito nervoso e sei que me espera algo de estranho. Entro e noto-lhe um leve sorriso nas linhas da face, um certo constrangimento corporal que a faz mover-se sem sentido de um lado para o outro, perguntando insistentemente, sem querer de facto perguntar, se eu queria alguma coisa. Tínhamos estado juntos apenas uma vez, de madrugada, ali naquele quarto que também fazia as vezes de casa, agora, apesar de todas as juras, de todas as dores que clamavam resultar da ausência de nós, agíamos de forma pesada, como se fossemos um motor sem óleo, sem qualquer lubrificante que harmonizasse, silenciasse os movimentos que deveriam fluir de forma melíflua. Levo uma mão à dela para a deixar saber que as coisas não haviam mudado, acalma-se um pouco e puxa-me obsessivamente a camisa para baixo, inquieta, nervosa, sem me olhar nos olhos. O sexo normaliza tudo, a intimidade deita abaixo barreiras, aforismos, fantasias, inspiração. Um fim-de-semana comunhado e sei que me enganei, sei que não te amo. Só me apetece ir para casa e ficar só.
Será possível amar, presencialmente, a mesma pessoa, mais que três horas por semana?
Amei durante quinze dias inteiros.