segunda-feira, setembro 28

Podolatria a p&b

sexta-feira, setembro 25

Cantina velha, 24 SET 09, 19:30.

As gajas da tuna (chamo-as de gajas porque dado o seu comportamento, presumo que seja assim que gostem de ser chamadas) cirandam por aqui de forma pateta com os seus instrumentos e trajes onde despontam impreterivelmente as malhas nas meias; dá-me a ideia que elas não sabem tocar os instrumentos, ou sabem mas assim uma coisa muito pedante, ao estilo de um bate-chapas zarolho a querer ser mecânico. Elas teatralizam tudo, desde as interacções com as pessoas que conhecem e que são as suas amigas, até aos comportamentos que em voz alta têm para os outros verem e ouvirem. É assim uma espécie de revista onde a brejeirice que no resto do ano apenas veicula momentos de depressivo onanismo, se solta e polui mais o ambiente que as chaminés da siderurgia nacional. Mesmo entre elas, não falam, guincham! e o guinchar está cheio de fonemas com trago a bagaço, dá a ideia delas gostarem de foder por terem voz de bagaço, (heurística?) ou como diz uma muito respeitosa pessoa, dá a ideia de podermos levar a garrafa de whisky para a cama, o que é muito apelativo se gostarmos de beber. E quando pensamos que já nos habituámos e elas próprias amainam com a comida a entrar na cavidade bocal com dentes desarranjados, chega a tipa gorda, a que investe mais e grita: «vou por azeite e vinagre nesta merda... e alho, hahahaha». Depois volta e trata mesmo mal a caloira da tuna, ordena-lhe um par de coisas sem sentido e desconfio que lhe olha para o contorno do torso e passa-me pela cabeça que as gajas gordas e feias são todas sapatonas. Eu penso em dizer-lhes qualquer coisa, mas não chego a fazê-lo, mas chego àquele ponto em que a expectativa de fazer é tanta, em que engano o meu corpo e ele, ingénuo, segrega adrenalina por pensar que vou agir, coitado... Excita-me para nada, enrijece-me para nada, depois, lentamente, volta à realidade e esmorece à medida que as gajas da tuna se vão rindo sem prazer e continuando a sua revista de maledicência e frivolidade

domingo, setembro 20

Mamas Grandes

Há tantas coisas que me deixam irritado que começo a pensar se não sofrerei dos nervos. Mamas grandes. Eis a minha mais recente irritação, mamas grandes... Prateleiras imensas que atraem olhares com a facilidade com que qualquer coisa que se ligue à electricidade ou tenha uma bateria atrai pretos da Amadora ou de um subúrbio equivalente. As mamas grandes, como é sabido, estão num pedestal e num recanto estranho do nosso inconsciente, evocam a caça à baleia. Ensinam-nos desde cedo a adorar as mamas grandes, a curvar-nos perante o decote onde uma migalha se pode perder para sempre e um pequeno feijão dar origem a um grande e viçoso feijoeiro; não é matéria constante nos programas escolares, mas em todas as escolas há uma mamalhuda com um propósito claramente definido (entesar-nos e impedir-nos o pensamento, impedir que vejamos que seremoss os futuros escravos de alguém?); não, não é apenas a sociedade e os pasquins orais que acompanham o nosso desinteressante definhar que nos educam rumo à adoração do torso; as mamas grandes são praticamente um arquétipo, dispensam aprendizagem, a sua veneração explode em nós de forma inopinada como se fosse um vesúvio idiossincrático. Chega o dia em que me deparo com umas mamas realmente grandes e o entusiasmo aflora em todo o meu ser, percorre-me os nervos numa orgia sináptica, a mielina entra em ebulição e toda a expectativa é uma erecção permanente numa euforia que constantemente evoca o momento do consentimento. A excitação é tremenda e a visão do soutien gigantesco com as rendas todas esticadas que deformam as florzinhas que crianças do Bangladesh bordaram, a libertar aquelas imensuráveis bolas adiposas com mamilos assimétricos, deixando-as descair vários centímetros em direcção ao umbigo nuns segundos que parecem uma eternidade divina, humedece de imediato a glande que facilmente se desembaraça do prepúcio inexistente. «Ah, finalmente vou poder manusear e abocanhar umas tetas poderosas». Anos e anos a pensar naquilo, anos e anos de conversas sobre o abanar, o bambolear, espanholadas e então, vamos lá à acção. Lá estou eu, a abocanhar, a manusear de forma pouco ajeitada, sinto-me tão obrigado a ter prazer, a aproveitar algo que me fora indicado como único: mexo depressa, abano, aperto, depois faço tudo devagar, como que em câmara lenta; levo lá a boca, o nabo, o escroto, a maçã de adão. não acontece o que seria suposto... Acabo, sem saber porquê, a fazer movimentos típicos da ordenha ao mesmo tempo que o entusiasmo se esvaece. É demais, é desconcertante, não me cabe na mão, nem nas duas mãos, sinto-me débil, sinto-me atrapalhado com toda aquela massa por ali que quase tem uma força gravitacional própria, faltará pouco para pequenos objectos orbitarem em torno daquilo. Mas tenho de ter prazer, tenho de aproveitar, SÃO MAMAS GRANDES PÁ! Acabo irritado com a minha desconexão, a querer ir dali para fora, porque a tipa, para lá das mamas que me levaram a estar com ela naquele momento, nada mais tem para me oferecer além de uma mediocridade a roçar o decrépito. Como não sei o que fazer àquelas bossas, tento olhar-lhe para a cara, mas não gosto do que vejo, tem uns olhos baços e uma fronte coberta por cabelos espigados cheios de madeixas idiotas e multicoloridas; procuro-lhe o resto do corpo, viro-a de costas porque não suporto a frente e então, deparo-me com tatuagens horríveis, que ela fez para tentar suportar-se a si mesma, à sua fealdade, à sua virtude que lhe causa problemas nas costas. Que se fodam as vossas mamas grandes, leiam o caralho de um livro para conseguirem fazer conversa quando a desilusão nos impedir de o levantar.

terça-feira, setembro 15

Tenho saudades vossas.

segunda-feira, setembro 14

Desabafo III

Aquilo que conceptualizamos como tempo, é apenas uma definição que um filho de uma puta badalhoca inventou para categorizar a mudança... E já agora a distância é fodida...

domingo, setembro 13

algumas cenas de verão

sábado, setembro 12

EISHHHHHHHHH

E lá está ele, o príncipe da madrugada, o entradote dos movimentos felinos na discoteca, já há 25 anos que assim é, sempre sem sucesso, sempre sem nada que lhe dê esperanças, mas, não precisa de tal coisa, não precisa de sucesso, não precisa de toque para além do roçado, não pede mais que resvalar o seu pénis em nádegas de 3 gerações diferentes, há 25 anos a roçar em nádegas, mães e filhas já ele reconhece como tendo andado bem perto da ponta do seu avantajado bacamarte.
Os amigos mudam, quando ele tinha 20 anos, os amigos tinham 20 anos, quando tinha 30, os amigos tinham 20, agora tem 45 e os amigos continuam com 20. Fuma um cigarro encostado à sua carrinha que está estacionada no parque de estacionamento de um hipermercado e conta uma história ou outra a um dos miúdos que trabalha com ele e com quem vai rumar à discoteca, dançar as novas tendências; passou do rock, para o disco, para o techno, para a kisomba e kuduro, para o funaná, para o reggaeton, foda-se, tanto lhe dá, porque ele é uma máquina, um aspersor de olhares néscios e rebarbados. A brilhantina acabou e levou consigo a maioria dos cabelos, os que continuam, agora são rapados já depois de terem passado pela fase do gel. Quando ninguém está à espera, saca uma pistola do porta-luvas e mais uma vez, uma vez mais, um bando de jovens impressionados, um respeito conquistado e o apontar da arma a uma velhota que ali passa, para gargalhada geral; a velha assustada vai-se embora e ele, sedento de gargalhadas ainda diz «comia-te esse cu todo, és tão boa maezinha», resulta e o facto de um dos tipos já ter assistido a uma cena igual num fim de semana anterior, não o importa minimamente.
Na discoteca, seja lá qual for a música, ele, sem saber, é um gajo dos blues, nunca ouviu Canned Heat nem a sua "on the road again", mas é esse o ritmo que o impulsiona, de braços abertos, a morder o lábio inferior e de olhos semicerrados, a cintura endiabrada, agita-se com um impressionante fulgor e pretende roçar-se em glúteos mais convincentes, em ancas mais cativantes, em epidermes incautas que por ali andam descobertas, à sua mercê; inocentes? nunca, se ali estão, querem foder. Circula uma joint e tu fumas, porque até fumarias merda de cavalo se fosse preciso, tanto te dá. Nem sabes bem o que é a droga e o que faz, mas já experimentaste tudo sem ficares agarrado a nada, tens uma t-shirt que diz "eu digo não às drogas. Mas elas não me ouvem..." mas não dizes não a nada, sabes lá tu dizer não... ah., esquecia-me das prostitutas, dizias não aos preços que consideravas exagerados e sabias bem regatear e elas, elas eram novas, ano após ano, mudavam, algumas ficavam, mas nunca tanto tempo quanto tu, seu velhaco.
Passado mais um fim de semana, mais umas noites em que nunca voltas com as pessoas que vais, vens sozinho, dás boleia a pretos, brancos, ciganos, a bebedeira desinibe-te a pistola aquece-te os arrepios, despistas-te, chegas a casa com o carro batido e não te lembras de nada, tanto te atazanam o juízo... No trabalho nunca te perguntas porque raio nunca és promovido, em casa, com a velhota que esperas que morra, irritas-te e estás por lá o menos que podes, principalmente quando a tua irmã aparece de visita, isso é insuportável e tens receio de te virares ao teu cunhado que te trata como um miúdo de recados. «45 anos e um tesão do caralho»
Cortas um chouriço cozido na sopa de feijão, sentado nas escadas da entrada da casa geminada onde vives, o rafeiro velhote chega-se ao pé de ti e dás-lhe uma rodela, depois outra, o cão quer mais e chega o focinho ao chouriço e tu dás-lhe um biqueiro que o faz ganir durante um minuto, depois volta-se a chegar a ti. Levantas-te e vais para o café, não suportas mais aquilo, o ar de luto da velha, os seus lamentos infinitos que te fazem sentir um assassino, um condenado «João, tu dás cabo de mim, vais matar-me João, essa tua vida deixa-me tão triste». O dono do café é paneleiro e tu comes-lhe a mulher que parece um pau de virar tripas toxicodependente, com mamas grandes. Os carros passam e apitam-te, tu da esplanada a emborcar imperiais acenas e manda-los po caralho, para riso de quem te acompanha, riem-se sempre, não é seu brejeiro?
Adoeces e cais no Hospital, sentes-te mesmo mal e notas que até os peidos te custam e doem, nenhum amigo te visita, aparece por lá a tua mãe e a tua irmã, que se mostram enfastiadas e mal chegam, ainda antes de carpirem qualquer coisa e mencionarem santos para tua exasperação, avisam logo que não podem ficar muito tempo, pois têm de ir às finanças, ao banco, aos correios, ter com o sr ou a sra qualquer coisa. Sentes-te mesmo sozinho mas o teu pénis ainda se levanta, inspirado pelas enfermeiras que levemente cirandam por ali com as suas batas que a tua mente nublada torna mais curtas ... A tua sobrinha aparece, garota de uns 2o anos, com uma prateleira descomunal e um rabo que se parece mais com o 25 de Abril do que o próprio 25 de Abril. Vem com o seu namorado, tão negro que tu encandeado com a luz que vem da janela, só lhe consegues detectar os dentes e mais um detalhe ou outro. Pensas que agora é o tempo deles, dos pretos, que no teu tempo é que era, é que eras... Foda-se, o teu tempo foi todos os dias, o teu tempo nunca passou, reinaste, foste o príncipe regente da Quinta do Conde durante 25 anos, foste príncipe ainda nem haviam esgotos, mantiveste-te príncipe depois da internet ter chegado e induzido homossexualidades que sempre te pareceram vantajosas «ficam mais aqui para o Zé».
Espera agora pela morte, pela morte que se anuncia através dos canais venéreos, pela morte que não te envergonha apesar de envergonhar a tua família. Esperas pela morte e dás um berro à tua irmã e aos seus suspiros, discutem e ela diz que lá não volta, era o que ela queria, um motivo. Morres e já ninguém te visitava há duas semanas, nem a tua adorada sobrinha, que tu calculas que o preto nem deixa sair de casa, fode-a sem parar, fode-lhe a cona, o cu, o umbigo a boca, as orelhas. Mas isso serias tu, meu príncipe, isso serias tu se alguma vez tivesses tido uma mulher tua, uma mulher que fosse tua de sua livre e espontânea vontade, nunca tiveste e morres assim, só, no teu reinado, morres sem deixar herdeiro, já não existem como tu.
...morreste, sim, mas só depois de pedinchar uma última punheta à enfermeira, que ta recusou sem te dar margem para insistires noutro dia. Recusou-te e fode com um tipo qualquer que nem sente 5% do tesão, que tu já meio cego e no leito de morte, sentiste por ela.

Paradoxo

As empregadas de limpeza têm uma tendência para a javardice demasiado evidente para ser ignorada.

quarta-feira, setembro 9

Maniqueísmo

Quem, durante a infância e adolescência leu os livros da colecção "Uma Aventura" da Ana Maria Magalhães e da Isabel Alçada, com ilustrações de Arlindo Fagundes, tornou-se culto e inteligente, com bom-senso e sensibilidade social, quem não leu, tornou-se num dos muitos néscios que agora ouvem música de merda e esbanjam libido e odor a cavalo de discoteca em discoteca.
Esta dicotomia só se aplica a pessoal da margem sul do Tejo da zona metropolitana de Lisboa.

sexta-feira, setembro 4

adenda

é como as tascas. Houve uma geração que se quis desvincular delas, afastar-se, porque eram lugares sujos, mal frequentados, agora, estão outra vez na moda. Aliás, é engraçado ver a betaria a entrar na tasca e a começar a falar com o dono, um velho nojento, como se o conhecesse, para impressionar os amigos. Antigamente ninguém queria conhecer tais pessoas. É como as vindimas. Mas ainda bem que as coisas mudam e que agora é fixe outras coisas que não o vestir-se bem e ter um bom carro etc etc.

Vindimas

Antes: Rapazes fortes e com uma halitose que não saia só da cavidade bocal, de nome Quim, Chico, Zé, Augusto, que haviam chumbado no exame da quarta classe, lá iam, em Setembro, numa pequena migração a pé, para vindimar. Precisavam do dinheiro para ajudar a família que tinha dificuldades financeiras e o trabalho duro da apanha, segundo os familiares mais sabidos, enrijava-lhes o corpo e o espírito. Eles não gostavam muito de ir, pois o trabalho era de sol a sol e muito duro, comia-se mal e cagava-se num buraco cheio de varejeiras a resplandecer sob o sol abrasador das três da tarde. Agora: Jovens de nomes como Violeta, Diogo, Tiago e Beatriz, oriundos de famílias urbanas, depois de acabarem um mestrado integrado e terem recusado um trabalho administrativo que consideram desprestigiante, vão para as vindimas para arranjarem dinheiro para o avante e conhecer gajos ou gajas indies que depois vão largar passados uns meses porque durante a mínima dificuldade sentem más vibrações ou um clima pesado. Agora vão de 206 ou C2 e ainda dão um saltinho na praia quando acaba a labuta. E pronto, o Mundo está sempre a girar...