domingo, setembro 20

Mamas Grandes

Há tantas coisas que me deixam irritado que começo a pensar se não sofrerei dos nervos. Mamas grandes. Eis a minha mais recente irritação, mamas grandes... Prateleiras imensas que atraem olhares com a facilidade com que qualquer coisa que se ligue à electricidade ou tenha uma bateria atrai pretos da Amadora ou de um subúrbio equivalente. As mamas grandes, como é sabido, estão num pedestal e num recanto estranho do nosso inconsciente, evocam a caça à baleia. Ensinam-nos desde cedo a adorar as mamas grandes, a curvar-nos perante o decote onde uma migalha se pode perder para sempre e um pequeno feijão dar origem a um grande e viçoso feijoeiro; não é matéria constante nos programas escolares, mas em todas as escolas há uma mamalhuda com um propósito claramente definido (entesar-nos e impedir-nos o pensamento, impedir que vejamos que seremoss os futuros escravos de alguém?); não, não é apenas a sociedade e os pasquins orais que acompanham o nosso desinteressante definhar que nos educam rumo à adoração do torso; as mamas grandes são praticamente um arquétipo, dispensam aprendizagem, a sua veneração explode em nós de forma inopinada como se fosse um vesúvio idiossincrático. Chega o dia em que me deparo com umas mamas realmente grandes e o entusiasmo aflora em todo o meu ser, percorre-me os nervos numa orgia sináptica, a mielina entra em ebulição e toda a expectativa é uma erecção permanente numa euforia que constantemente evoca o momento do consentimento. A excitação é tremenda e a visão do soutien gigantesco com as rendas todas esticadas que deformam as florzinhas que crianças do Bangladesh bordaram, a libertar aquelas imensuráveis bolas adiposas com mamilos assimétricos, deixando-as descair vários centímetros em direcção ao umbigo nuns segundos que parecem uma eternidade divina, humedece de imediato a glande que facilmente se desembaraça do prepúcio inexistente. «Ah, finalmente vou poder manusear e abocanhar umas tetas poderosas». Anos e anos a pensar naquilo, anos e anos de conversas sobre o abanar, o bambolear, espanholadas e então, vamos lá à acção. Lá estou eu, a abocanhar, a manusear de forma pouco ajeitada, sinto-me tão obrigado a ter prazer, a aproveitar algo que me fora indicado como único: mexo depressa, abano, aperto, depois faço tudo devagar, como que em câmara lenta; levo lá a boca, o nabo, o escroto, a maçã de adão. não acontece o que seria suposto... Acabo, sem saber porquê, a fazer movimentos típicos da ordenha ao mesmo tempo que o entusiasmo se esvaece. É demais, é desconcertante, não me cabe na mão, nem nas duas mãos, sinto-me débil, sinto-me atrapalhado com toda aquela massa por ali que quase tem uma força gravitacional própria, faltará pouco para pequenos objectos orbitarem em torno daquilo. Mas tenho de ter prazer, tenho de aproveitar, SÃO MAMAS GRANDES PÁ! Acabo irritado com a minha desconexão, a querer ir dali para fora, porque a tipa, para lá das mamas que me levaram a estar com ela naquele momento, nada mais tem para me oferecer além de uma mediocridade a roçar o decrépito. Como não sei o que fazer àquelas bossas, tento olhar-lhe para a cara, mas não gosto do que vejo, tem uns olhos baços e uma fronte coberta por cabelos espigados cheios de madeixas idiotas e multicoloridas; procuro-lhe o resto do corpo, viro-a de costas porque não suporto a frente e então, deparo-me com tatuagens horríveis, que ela fez para tentar suportar-se a si mesma, à sua fealdade, à sua virtude que lhe causa problemas nas costas. Que se fodam as vossas mamas grandes, leiam o caralho de um livro para conseguirem fazer conversa quando a desilusão nos impedir de o levantar.

4 comentários:

Anónimo disse...

E assim, com este texto, cai o mito das mamas grandes.

"SÃO MAMAS GRANDES, PÁ!" - lol

rameladoiro disse...

até podes sofrer dos nervos, mas vale pela qualidade do texto. são sobrevalorizadas, as mamas grandes, mas as mamas, as maminhas, os mamões, atraem sempre....ahhhhhhhhhhhhhh

Espiral disse...

Achei piada ao texto.

Felizmente mamas grandes é acessorio que nao tenho. Poupou-me a tanta responsabilidade. E dores nas costas. E dificuldades a escolher roupa. Etc. =)

Bom texto =)

Anónimo disse...

Não, não vou falar das minhas mamas...