quarta-feira, outubro 28

IC 19 parte 2

sábado, outubro 17

Under pressure - David Bowie + Queen

"...Why can't we give love give love give love give love give love give love give love give love give love 'Cause love's such an old fashioned word And love dares you to care for The people on the edge of the night And loves dares you to change our way of Caring about ourselves This is our last dance This is our last dance This is ourselves Under pressure Under pressure Pressure..."

quinta-feira, outubro 15

frases e palavras que detestoporque são o reflexo da vaguidade da sociedade e do trabalho (que já não é tão honroso como pegar numa sachola)

alguém escrevia aqui que temos polegares oponíveis e esta conquista formidável não nos fez mais do que rumar a centros comerciais nos domingos. só quero dizer que a forma de trabalhar de hoje em dia me irrita profundamente porque é uma mentira. É uma mentira porque não se pode considerar trabalho estar sentado a um computador. Porque nesse caso ninguém antes da proliferação peçonhenta dos computadores trabalhou. E, na minha opinião, esses trabalhavam muito mais do que isto que hoje se apelida de trabalho e nos faz ficar irritados e desesperados com a vida que levamos dentro de nós próprios e uns com os outros. passemos às frases "trata-se de uma aposta na transparêcia" "temos de nos sentar e discutir isso" "porque os nossos parceiros sociais..." "networking" "coaching" "empreendedorismo" "...é um procedimento..." "logística" "reunião semanal de equipe" "consumíveis de escritório" "escritório" quando ouvir mais umas ponho aqui.

terça-feira, outubro 13

Estranha forma de profilaxia

Aviso: Não pretendo com a "entrada" que se segue, colocar a vagina num pedestal, longe disso, aliás, o meu histórico fala por mim, se analisarmos os meus textos encontramos tanta misoginia que podíamos fazer uma vindima só disso.
Há formas muito subtis de homossexualidade, dizem por ai. Não sei se concordo ou não, nem sei se de facto por ai dizem tal coisa, todavia, julgo ter encontrado uma dessas ténues manifestações de idiossincrasia libidinal. Existem tipos que falam de mulheres e inclusive chegam a empregar com grande regularidade termos brejeiros e aporcalhados que até a mim conseguem constranger, contudo, apesar do tom jocoso, das interjeições e maneares da cavidade bocal e do palato, parecem sempre demasiado assépticos, parece que antes de falarem de mulheres asseguraram-se que agarravam os talheres com as mãos certas e que meteram o guardanapo no colo, não vá a conversa conspurcar qualquer coisa. As referências que fazem são demasiado óbvias e apenas visam aquelas tipas mais consensuais, mais unânimes, que aparecem na tv e sob as quais existe uma espécie de néscia opinião pública generalizada, alicerçada em chalaças e cobiças incipientes. Dá ideia de terem medo de se enganar, medo de elogiar daquele modo que acima descrevi, um transexual, ou uma tipa muito feia, porque interiormente sabem que lhes é indiferente, mas como querem parecer machões, adaptados e assertivos, usam a estratégia de coping descrita.
Não lhes vemos um sorriso apaixonado, um ar sonhador, um revirar de olhos que tenta encontrar aquele porto onde ela está, aquele sonho onde outrora apareceu cheia de viço e luminosidade incandescente. Nem tampouco fazem piadas mais elaboradas, como «a unesco devia por os olhos naquele rabo», não, são apenas ejaculações de construtos apreendidos a muito custo através dos seus esquemas de sobrevivência no mundo em que ainda imaginam haver muito preconceito, mas não tanto claro, como na sua própria representação interna.

segunda-feira, outubro 12

"a IC19 é uma incógnita"

Isaltino morais (!) conseguiu 41,5% das votações, tendo assim cinco mandatos (cinco vereadores). pá.... eu acho isto incrível. COMO É QUE um tipo que é acusado e condenado, espera, deixa-me repetir esta frase porque aparentemente, das dez pessoas em oeiras que estão a ler isto, quatro houve que botaram a cruz no nome dele, CONDENADO, espera, deixa-me soletrar, C-O-N-DE-NA-DU! seja eleito outra vez? como é que é possível isto? que merda de cidade, que merda de país, que merda de gente que não enxerga nada pá! Dirão assim: ah mas os políticos são uma cambada de mentirosos, pederastas e charlatões, achas que os outros são diferentes ramelinhad'oiro?! Ok, está bem, mas ao menos que o façam às escondidas e que não apresentem uma cara de bubu balofo maléfico que tem a coragem de ir para um tribunal e apresentar uma candidatura a seguir. Mas não há uma lei que proíba um gajo que acabou de ser condenado de ganhar umas eleições? "Pronto, podes candidatar-te meu velho, mas só pela piada da coisa, porque ganhar não ganhas, achas que isto é o quê, portugal?"(reparem no pê minúsculo p.f.). Porque, parece-me, o papel do tribunal aqui devia ser precisamente o papel de um árbitro imparcial. Já que o isaltino ganha mas aldrabou primeiro, então nós (do tribunal) deixamos que ele ganhe, porque o povo é burro mesmo e não há volta a dar-lhe, e depois aldrabamos. As pessoas precisam de ser protegidas! Então não é para isso que serve a justiça? Para proteger os bons cidadãos dos meliantes e malandros? Claro que é! (yeah right). Então, se é, por que é que deixa o isaltino ganhar? As pessoas precisam de ser protegidas da sua insanidade eleitoral, da sua estupidez democrática! Devia haver uma comissão para esse efeito: "AGGMÉI - ah ganhastes ganhastes mas és ilegível". Está tudo parvo ó caralho.

sábado, outubro 10

Num qualquer gerúndio

"Nem feliz nem contente... Estou como estou."
É assim que respondo quando me atiçam com banalidades assépticas que não têm em consideração a minha personalidade, a minha sede, a mágoa dos dias que correm de maneira determinada para aquela agonia dos últimos anos, para o desejo doentio de voltar atrás e recomeçar, aproveitar tudo de forma consciente e amoral, usufruir, usar o mundo, as pessoas, os animais, até ao tutano, até ao esgotamento das suas propriedades, categorias, ilusões, fraquezas e comichões. Vejo-me paquidérmico e frio, a olhar para o nada, calado, conformado, a sofrer infinitas dores que não conseguem ombrear com a lancinante agonia de ter sido quem fui e ter apenas vivido a vida que vivi. Miríades de palavras esdrúxulas que eu infelizmente consigo discernir, fazem-me sentir um verme; sempre que respondo, apetece-me perder para sempre numa gruta escura e húmida, sem um raio de sol que seja, sem um corpo bronzeado, brisas ou marésias, sempre que deixo de ignorar aqueles amontoados de letras que se projectam para mim, para o meu córtex occipital, uma dor horrenda trespassa-me algo para lá do corpóreo, chego a desejar morrer.
"És bom demais para esta merda e a solidão é uma fraqueza que tens de ultrapassar".
Uma pessoa vende-se pela promessa de uma interacção completamente incipiente, prostitui-se por um calor tépido, por um odor sexual, por uns minutos de fricção vazia entre escarras de auto-estimas extraviadas. Vende-se, desliga a cabeça do corpo, mete um pedaço de plástico e... deixa de ser quem é, deixa de dizer somente o que pensa, de fazer apenas o que lhe apetece, de troçar, de agredir, de ofender, de destruir, de amarrrrrrrrrrrrrrrr. Vendemo-nos porque nos tornam fracos, tornam-nos débeis com a sua normalidade. "Nunca sairia contigo porque... sei lá, não és normal; por exemplo, em vez de me perguntares de onde sou, perguntaste se sou do Norte ou do Sul".
Talvez devesse sorrir mais, empatizar com facilidade, tomar banho todos os dias, ouvir Rita Redshoes e Ornatos Violeta, talvez devesse emborcar medicamentos, educar os neurotransmissores, pagar por terapia e ostentar posses materiais, para além de dormir 8 horas e tomar 3 refeições por dia. Devia sair e confraternizar, ter conversar banais e agradáveis, deixar as coisas fluirem lentamente, sem interpor um qualquer comentário obsceno ou intrusivo;, contemplar sem olhar fixamente, apaixonar-me em silêncio, matar toda a minha sinceridade que nada tem a ver com verdade, mas apenas com fidelidade para comigo, talvez devesse liquidar a minha afoiteza, a astúcia, o meu lóbulo frontal, transformar-me numa máquina que aprende apenas através de imitação. Talvez não devesse ter lido a morte de Ivan Ilitch, talvez devesse ter lido muitos e importantes livros, mas não ter percebido nenhum e ter saltado imensas páginas. Talvez devesse ter estilo e fazer um enxerto capilar.
"Descobre o que realmente desejas e vai à procura, irás encontrar"
Ai ai ai... Que raio de frase, que na verdade significa: encontra alguma coisa que te faça sentir menos mal, adapta-te a ela e desiste de tudo o resto; pára de sonhar, pára com os pensamentos perniciosos, fica com aquilo que não tens de pagar, é gratuito e carícias dessas não têm preço, carinhos daqueles não se vendem em qualquer esquina. É gorda, feia e tem halitose, mas é-te fiel e gosta de ti, permite-te completar o ciclo de vida. Um dia, mais tarde, movida por ciúmes doentios, desfigura-te a cara com ácido, mas não importa, pois nessa altura já estarás mais morto que aqueles tipos que morrem durante actos heróicos ou auto-asfixia erótica.
Escrever para quê? Não haverá relva ou clareira partilhada, caminho percorrido rumo ao moinho abandonado, não haverá parelha que entenda, que aprecie em silêncio, que saiba sem palavras, gestos ou outro tipo de indicações. Flutuar na enseada. Adormeci e perdi-me, atrasei-me da maneira mais fatal de todas, agora, é como jogar um jogo muito longo de onde, por puro orgulho, não se pode desistir, mesmo sabendo a inevitabilidade de ficar em último lugar. Resta-me esperar.
E não sabendo bem porquê, sinto um certo desconforto por ter escrito isto e arrependo-me ainda antes de carregar no botão.
Tenho calor, depois frio, os ouvidos por vezes parecem fechar, os olhos embaciar e aqui dentro trabalha-se para o meu bem, pela minha saúde, todos sabem o que fazer e fazem-no bem, muito obrigado, estou-vos grato.

segunda-feira, outubro 5

Jovem Mãe Divorciada

Uma noite dormida na praia, recordas-te? Sempre tão frio ele era, distante e com prioridades que lembravam apenas ao raio do mafarrico. Às vezes davas por ti a chorar, mas sabias bem o que querias, não tinhas dúvidas e a tua obsessão fazia com que lutasses, combatesses com as tuas armas nada convencionais os desígnios que te haviam sido entregues - não irias perder outro, desta vez, por mais que te doesse, farias sexo anal. Agora, estás anafiláctica e tens um filho com o córtex pré-frontal completamente fodido, não pára quieto, não se consegue inibir, as suas sinapses são imensas e não fazem qualquer sentido, ele vê-te a chorar mas não se importa, porque nada sente por ti. Ninguém te quer para lá da carne, vales apenas pela adiposidade, pelo esqueleto, pelos apêndices mamários, não vale nada a tua alma, a tua mente, o teu olhar ternurento e cheio de uma súplica que excita o psicopata ou o pessoal da agro-pecuária. Ninguém te quer, pois tens um filho, ninguém quer ser pai dos filhos dos outros, ninguém quer aturar esse pedaço de excremento humano a que chamas filho, cheio de genes impuros advindos do lado paterno. Um destino merdoso, o teu, 25 anos e sem expectativas; querias sair e abanar a firmeza que te resta num sítio qualquer, a ver se chamas a atenção e te iludes a ti própria durante as horas em que eles não sabem quem tu és nem de onde vens, mas não podes sair, não podes deixar esse homúnculo sem guarda permanente, esse pirómano sem vigilância depuradora. A tua mãe não toma conta dele, chora-se e diz que está velha, que não consegue e dentro da sua cínica docilidade, faz-te sentir tão culpada por teres sido deixada, abandonada por aquele que agora comprou um carro novo e na tua óptica se diverte à grande. Tentas ter um pouco de carinho, agarras o miúdo e falas-lhe carinhosamente como quando fazias ainda ele estava no teu ventre, prolongas muito as vogais, como se faz com os bebés e com os animais de estimação, afagas-lhe o cabelo e notas-lhe as trombas iguais às do pai; ele quer libertar-se de ti, mas tu agarra-lo com mais força, ele debate-se, degladia-se para se afastar do teu torso que ali paira tão perto, exasperas e bates-lhe, ele bate-te de volta e sai da sala, tu ali ficas, só, a chorar, desejando que acabe o feriado e que chegue a terça-feira, para o deixares na escola onde ele mata animais e não se adapta e ires trabalhar num sítio que detestas, a atender telefones e a desejar secretamente um despedimento que tanto temes.

Morfeia

Às vezes sinto que a minha vida já era... Mas isso agora não interessa para nada. Fiz de irmão mais velho que por acaso até sou e isso fez-me sentir bem. Foi agradável. Foi como se fosse um leproso encarcerado num pardieiro, escutado apenas pelos conselhos a que se dedicou depois de ter abdicado da própria existência.