terça-feira, outubro 13

Estranha forma de profilaxia

Aviso: Não pretendo com a "entrada" que se segue, colocar a vagina num pedestal, longe disso, aliás, o meu histórico fala por mim, se analisarmos os meus textos encontramos tanta misoginia que podíamos fazer uma vindima só disso.
Há formas muito subtis de homossexualidade, dizem por ai. Não sei se concordo ou não, nem sei se de facto por ai dizem tal coisa, todavia, julgo ter encontrado uma dessas ténues manifestações de idiossincrasia libidinal. Existem tipos que falam de mulheres e inclusive chegam a empregar com grande regularidade termos brejeiros e aporcalhados que até a mim conseguem constranger, contudo, apesar do tom jocoso, das interjeições e maneares da cavidade bocal e do palato, parecem sempre demasiado assépticos, parece que antes de falarem de mulheres asseguraram-se que agarravam os talheres com as mãos certas e que meteram o guardanapo no colo, não vá a conversa conspurcar qualquer coisa. As referências que fazem são demasiado óbvias e apenas visam aquelas tipas mais consensuais, mais unânimes, que aparecem na tv e sob as quais existe uma espécie de néscia opinião pública generalizada, alicerçada em chalaças e cobiças incipientes. Dá ideia de terem medo de se enganar, medo de elogiar daquele modo que acima descrevi, um transexual, ou uma tipa muito feia, porque interiormente sabem que lhes é indiferente, mas como querem parecer machões, adaptados e assertivos, usam a estratégia de coping descrita.
Não lhes vemos um sorriso apaixonado, um ar sonhador, um revirar de olhos que tenta encontrar aquele porto onde ela está, aquele sonho onde outrora apareceu cheia de viço e luminosidade incandescente. Nem tampouco fazem piadas mais elaboradas, como «a unesco devia por os olhos naquele rabo», não, são apenas ejaculações de construtos apreendidos a muito custo através dos seus esquemas de sobrevivência no mundo em que ainda imaginam haver muito preconceito, mas não tanto claro, como na sua própria representação interna.

7 comentários:

Anónimo disse...

gostei de a terceira parte aparecer em formato gráfico mais destacado do texto, parece um refrão.

Nada disse...

Eu só queria fazer um parágrafo, não domino a formatação disto. Ainda bem que gostaste Anónimo.

Anónimo disse...

Sou uma anónima chamada Anónimo, a androginia tem estilo.

rameladoiro disse...

ui, temos romance

Nada disse...

não acho que tenha estilo, é apenas mais uma forma de se parecer qualquer coisa, melhor ou pior, para evitar parecer-se o que na realidade se é

Fitter Happier disse...

lá se foi o romance..

Nada disse...

e a dignidade...