quinta-feira, outubro 30

Declarações médicas de quê?

Não pude evitar... Para os interessados! http://atuleirus.weblog.com.pt/arquivo/2006/12/zeze_estupido_c

quarta-feira, outubro 29

Aquilo

Eu acho que é de estar um bocado só… Entortado por pensares que me apresentam a mim mesmo como um fruto da mais profunda desilusão, do lento pesar do insucesso. Na minha vida, de tempos a tempos, sinto-me mais só que o normal e, quando isso acontece, quando essa espécie de carência me enfraquece até ao limiar da vulgaridade, tendo a procurar pessoas, caras estranhas que me encantam por assim serem, vê-las, mesmo que com elas palavra não troque ou olhar partilhe. Percorro as ruas movimentadas onde se escuta o peculiar trote da misteriosa essência humana, as desertas vigiadas por alguém que deixa a luz acesa até muito tarde, perscruto os passos apressados, o silêncio dos gatos, o zunir eléctrico de qualquer avaria ou o vento a embater em objectos degradados que jazem no subconsciente da urbe. Nestas alturas de vulgar solidão, de banal necessidade, evito ir para casa… Podem já todos ter recolhido, eu, necessito continuar a adiar o retorno para o isolamento total: cego a estímulos, que não me deixa alternativa àquela meditação que surge sem que eu a solicite e que me auditoria as deliberações pouco convictas e os actos recentes ou de sempre. … é um aperto no estômago, leve picada que me quer manter ao frio, uma raivazinha, a discreta gota de urina que fica no tampo da sanita… se for para casa, perco a estúpida esperança de falar, contigo, com ele, com uma estranha qualquer com ideias megalómanas cheias de grandiloquência. Ao estar pela rua, existem possibilidades, existe aquele grito agudo, que se ouve ao fundo do túnel, assombroso, encantador. Sei-o, sinto-o, numa rua da cidade, cirandando, desesperando, vomitando ou esperando por mim, está algo que eu devo procurar… Às vezes desisto, entro no carro e meto-me a caminho de casa, mas paro nas estações de serviço e olho para as gentes a comprar tabaco, com roupa de quem veio da discoteca; paro à beira da marginal para olhar o mar revolto e o incognoscível areal; detenho-me debaixo do céu para olhar as estrelas e com sorte, umas gotas de chuva; fico no meio da serra, fixando o olhar nos brilhantes olhos de uma raposa. Pode acontecer qualquer coisa em qualquer um desses sítios - eu desejo tanto que assim seja - a maior improbabilidade de todas e, quando acordar no dia seguinte ou até, no dia depois desse, poderei deixar de me sentir incompleto e sorrir com aquele ar de satisfação e realização, mesmo sabendo da efemeridade da sensação…

segunda-feira, outubro 27

toma lá...

Temos memórias que permanecem mais ou menos intactas, depende também da teoria, corrente ou meta qualquer coisa a que recorramos para decidir acerca da perenidade das memórias. Mas tenho uma dentro de mim que parece ocupar uma parte inteira do cérebro, parece que metade do espaço dedicado a memórias é para ela, tendo as outras que competir por um nada cativo lugar na metade sobejante. Correm os dias e lá está ela, no seu amplo T4, vagueando completamente nua pelo soalho flutuante. Pega numa refeição rápida e, entretida, olha para o mundo através dos meus olhos, o que dá azo a que se masturbe várias vezes. Podia dizer que era como viver com um bicho dentro de mim, contudo, não me incomoda, não me revolta, não me dá pesadelos nem suores frios, apenas ocupa espaço e está constantemente no meu consciente. Querem saber que memória é essa? É uma coisa que aqui há uns anos atrás, poderia dizer que para além de a mim próprio, não havia contado a ninguém, contudo, já não é assim. Às vezes contamos coisas às pessoas porque confiamos nelas ou então, em nós próprios. É uma coisa tipo, toma lá um pedaço da minha intimidade, porque mereces, eu amo-te e quero dar-to, depois, tudo muda e aquele pedaço não é mais que um naco de excremento que a outra pessoa tem de, obsequiosamente, guardar na memória.

Et il pleut

As nuvens passam ao longe colam e descolam, os contornos dos prédios são rijos e imóveis escuros, acomodam-se uns aos outros para se manterem de pé, 500 anos não os arrancam. Sente-se o fresco dos, e das gotas que caem nos pés. Estrelas de vidro 30, 40, 60 voltes quadradas ou clarabóias. Os gigantes luminosos comem-te o sossego com o seu silêncio, movem-se com a terra. Ouves os cometas a desfazer-se na atmosfera alguns parecem ar num copo. Gostava de sentir o pânico dos cabos eléctricos a explodirem de energia e matar uma noite, mumificar uma floresta e cobrir-me de musgo e esperar, e esperar a ver a terra vermelha desbotar e no fim ver Vénus a rir-se para um búzio e um homem sem pés. Mas no entanto não há osgas neste mundo. Fermé le fenêtre

sábado, outubro 25

girl power o caralho

Os homens meditam bastante na razão das coisas: porque é que o mundo funciona como funciona; que mecanismos obscuros o fazem girar; porque são as pessoas assim ou assado; o que torna as relações complicadas, incogniscíveis mas necessárias; como é que ainda ninguém espetou um balázio no sócrates; é possível alguém alimentar-se somente de bacalhau durante um mês; etc.
Que eu saiba, raras eram as mulheres que partiam para as serranias para meditar nestes e noutros mais graves assuntos. Eu pelo menos nunca ouvi falar de mulheres eremitas. Essa falta de afastamento, a incapacidade de se fartarem da sociedade não pode ser só atribuído à pérfida influência de sociedades com valores machistas ou masculinizados pois não; eu respondo dois pontos não.
O que eu quero dizer é que só pode estar geneticamente determinado que os homens passem mais tempo a moer a cabeça com inutilidades. Não há nada a fazer, estamos distraídos por uns momentos e começamos logo a pensar em regimens fascistas ou a cura para o cancro, ou como arranjar os carretos da bicicleta. Há uma teoria por desenvolver,na qual se venha a provar que, de facto, os homens morrem mais cedo porque ficam todos fodidos de anos e anos de que intensos trabalhos mentais. Por outro lado, em relação à parte física, toda a gente sabe ou intui que, se um homem for fazer queda livre, fá-lo [falo] meramente porque tem a vitória (uma gaja gira que conheceu há cerca de um mês numa festa da empresa) cá em baixo à sua espera, humedecendo as beiças tumefactas enquanto pensa, meu deus, se o Custódio salta assim daquele avião, imagino o que ele não fará comigo depois do jantar. 
ui, vamos fazer figas pelo Custódio;
roarrrr!

sexta-feira, outubro 10

MD

Amigos? Claro que tenho amigos! Amigos, produtos da mais cerrada miséria humana, amigos que se revelam amiúde, por entre esquinas e paredes envelhecidas da cidade decrépita que parece respirar com muita dificuldade, num arfar doloroso que nas entrelinhas clama pelo suicídio. Os amigos não estão lá sempre, por vezes fundem-se na celeuma urbana e são preciso mil centelhas de qualquer coisa para que eles apareçam. Um cão cheio do sarro da noite, pode ser meu amigo, tal como o alcoólico que aperta com a sua garganta toda aquela depressão que com a bebida se tornou miudinha e quase incognoscível. Pergunta-me se é deprimente. Que lhe digo eu, sob este véu escuro e cheio de um húmus infértil, que lhe respondo eu do alto deste meu ferro-velho mental, deste esgoto idiossincrático que só é capaz de debitar o horrendo, o ardil do veneno da madrugada? Como se eu fosse a água da sua azenha, procura mais certezas, confirmações, para juntar às nenhumas que já tem. Quer saber se é o cão ou o bêbado, mas, quer saber muito mais, quer saber se a sua vida tem fundamento, quer saber se o amor que não sente, a paixão que não lhe toca, se tudo isso são coisas normais e eu, eu sinto-me mal, sinto-me um bruxo cego a coisas de adivinhos, não sei que lhe diga, não sei se ele vai bem, se está mal e se se desgraça a cada lufada de ar que com o seu corpo torpe e obeso absorve. Faz que não me ouves, faz isso mesmo, se me ouvires segues para caminhos cheios de viço aparente que sob a luz certa, são apenas sinal de uma ímpia devastação onde o opróbrio cobre de lés a lés. Sei do mal-estar que te vai corroendo as entranhas regaladas com toda a comida boa que consomes sem dó nem piedade de ti mesmo, sei, sim… sei que faças o que fizeres, por menor a dignidade que esbanjes por aí, dentro da tua economia de filantropismo e magnificência, por menos asceta e mais meliante que sejas, lá estarei para te escutar, para me irritar com os teus comportamentos mesquinhos e observações inúteis que me fazem suspirar e desejar ter qualquer objecto cortante com que te desmembrar, mas, lá estarei, para te tolerar, ser tolerado, aconteça o que acontecer.

quinta-feira, outubro 9

You thought it was the start of something beautiful?

OBRIGADO A TODOS pelo bilhete, foi o melhor concerto a que alguma vez fui.

Para Nós

"A cada passo se formam por aí grupos literários. Há-os em todas as gerações. Os rapazes sentiram sempre necessidade de comunicar e juntam-se conforme o acaso, as afinidades ou aspirações.
É um momento delicioso que nos deixa para sempre um nada de poeira no fundo da alma - algum pó dourado que teima em reluzir até ao fim da vida. Já o passado fica muito longe, já as figuras de apagadas mal se distinguem e ainda a poeira de sonho teima lá no fundo... É que essas horas são como a primeira flor das árvores: não há nada que as pague. Por melhores e mais conscientes amizades que mais tarde se adquiram, nenhuma chega à dos vinte anos, quando o homem não tem interesses a defender e os sentimentos estão em pleno viço. Não há um de nós que saiba ainda o que vale a existência e todos de mãos dadas a olhamos com sofreguidão e candura. É o começo delicioso de uma aventura. Estamos juntos e unidos como irmãos e já sentimos o travor da separação: só mais um passo e cada um parte para o seu lado, sem às vezes se tornar a ver."
Raul Brandão.

segunda-feira, outubro 6

anne

é uma estupidez que as palavras que ficam por ser são muito mais importantes do que as palavras que já são.

sábado, outubro 4

"Estamos a viver numa crise de valores"

- ‘Tão mas conta-me lá, tu já não comes carne?

- Não.

- Mas… Como é que isso é possível, man…

- Pá, é possível. Porquê? Tu precisas de comer carne todos os dias?

- Yah, eu como carne todos os dias.

- Pá, yah… Mas a cena é que um gajo se vai habituando.

- Pá, fodasse, não consigo… Como é que é possível não comer carne?

- Pá, há a soja, e merdas assim que são tipo carne.

- Mas porque é que não comes carne? Dá-te pena do animal, é?

- Claro, man.

- Então e ovos e leite?

- Ah, isso ainda como.

- Fodasse, comes ovos e leite e não comes a vaca?

- Não man…

- Fodasse… Mas o animal é para matar! É natural! Um gajo tem de comer.

- Yah, mas tens outras coisas para comer, tipo soja…

- Fodasse… Mas tu viraste à esquerda?

- Yah, bué.

- Tipo, esquerda mesmo esquerda?

- Yah, mesmo bué esquerda.

- Tipo anarquismo?

- Isso mesmo.

- Fodasse… Então votas no quê?

- Não voto, voto nulo.

- Fodasse… Então não me digas que és contra as touradas também?

- Yah, claro! Sempre fui.

- E essa merda do vegetal e do anarquismo quando é que começou? Fodasse…

- Pá, sempre fui um bocado. Não foi de um dia para o outro, foi acontecendo.

- Então mas não comes carne há quanto tempo?

- Desde Janeiro.

- Fodasse… O que é que fizeste a ti, caralho.

- Pá, são opções.

- Yah, na boa.

- Yah.

- Mas tu não votas mesmo?

- Não, man.

- Então no que é que acreditas?

- Pá, acredito que o homem pode ser responsável.

- Responsável como? Não precisa de autoridade?

- Não, man. Tem de ser responsável por si próprio.

- Fodasse, então e não há polícia, é?

- Yah, o homem não pode ser reprimido.

- Então, mas assim era o caos… Podias matar à vontade!

- Não man, se tu és responsável, se tens moral, não vais matar, vais deixar os outros viver. Ou se fosse permitido tu matavas?

- Yah, se calhar sim!

- Matavas?

- Pá, se fosse preciso.

- Então não tens moral.

- Yah, eu tenho e sei que é mal matar, mas diz lá isso a um gajo das favelas… se não matar morre ele.

- Pá, yah, mas supostamente, o homem tem de se tornar responsável, sem precisar de autoridade.

- Fodasse, não me fodas!

- Pá yah, é assim…

- Olha, dá-me aí um cigarro… Os meus já acabaram e não fumo Davidoff há bués.

- Yah, yah, tira man.

- Obrigado.

- Na boa.

- Yah, eu quando tive na polónia, tive numa residência com duas gajas que são essa merda que tu és… pá e elas falaram-me uma beca naquilo.

- Yah…

- Fodasse, mas não me faz sentido, caralho. Comer carne é bué importante man. E tu comes ovos e leite.

- Yah, mas até fumar é uma hipocrisia minha.

-Porquê?

- Porque o tabaco é feito com gelatinas animais e…

- Fodasse, não me fodas!

- Yah.

- Pó caralho. Agora também vais deixar de fumar?

- Yah, tem de ser.

- Fodasse, o que é que fizeste contigo…

quinta-feira, outubro 2

look what you started

porque eu tenho uma albergaria no alentejo!
era isto o que uma imbecil de merda gritava a um empregado de mesa - porque este não tinha trazido outra chávena para pôr chá. A coisa passou-se da seguinte maneira: eu e uma amiga, um café numa dessas avenidas novas. Os dois indecisos entre doce ou salgado, croquete ou brownie, tosta mista ou croissant, ah, não há croissant com chocolate, então croissant com fiambre pode ser, não não, não há mesmo a categoria pasteleira de croissant de momento neste café. Nesse caso, uma andria para mim, galão. tosta mista para mim, sumo de laranja amarguíssimo, degustou ela depois. Chega o pedido e ouve-se a duas mesas de nós, da boca de um mulher que eu até tinha achado querida por estar a tirar uma ramela, ou semelhante categoria pasteleira, ao seu home, dizia, ouve-se o seguinte: você como é que se chama, rafael, ah, rafael, faz favor de me trazer outra chávena de chá (chávenas bojudas, alvas, reluzentes de porcelana, finas, apropriadas para chocapic talvez, não para chá, diria a minha mãe que gosta da chávenas de chá delicadas). 
O Rafael, que era brasileiro e parecia ter a rapidez mental semelhante ao trânsito na segunda circular por roda das seis da tarde, não percebeu a questão, a ordem, porque aquilo foi dado em tom de ordem. Não sabia ele a besta de merda com que estava a lidar, sabendo, tinha ficado nas amazónicas terras onde deixou a tez morena e saudável para adoptar aquele esverdeado sobre os olhos e crivos de borbulhas na testa. Lisboa faz muita coisa a muita gente mas, grosso modo, faz olheiras primeiro.  A conversa fica desagradável e ácida no tom, eu estava a tentar contar qualquer coisa à laura mas não conseguia concentrar-me; só se ouvia aquela imbecil de merda com uma arrogância que merecia ser cortada à faca. Meti o dedo indicador direito no ouvido do mesmo lado e continuei. Quando tiro o dedo, mercê de terminado o meu monólogo sobre amor e namoradas e a diferença entre homens e mulheres, ouço a imbecil de merda, vá chamar o seu gerente já. Ele lá vem outro brasileiro, bla bla a coisa continua, e ela, da baixeza da sua nobreza diz eu tenho uma albergaria no alentejo, e um restaurante; e eu juro que só me apetecia bater-lhe. Mas bater-lhe com muita força. O estúpido do marido, um pouco vesgo, que devia era ter tido mãos para calar a mulher, meter-lhe uma chapada na cara, apalpar-lhe as pernas e a cona, ou shhh querida, pronto; nada. Quedou-se, como se fora nada com ele. Apetecia-me bater nos dois. Com força, justificando todos os movimentos de libertação operária, indo buscar força a todos os cretinos que vão em manada protestar contra o governodespótico, bater-lhes sem piedade, arrancar-lhes os cabelos e enfiar a cara da mulher debaixo do meu sovaco enquanto lhe daria carolos dizendo és três vezes estúpida, pensas que só porque estás a pagar tens o direito de maltratar as pessoas que te servem? Sabes o que é que vais servir nesse teu restaurante como prato do dia na próxima segunda semana, quando não houver cação ou outro peixe? os teus rins ensopados no teu sangue.
bem, isto está um pouco violento. De qualquer forma, o moral desta estória é: como é possível? como é possível que estes engravatados de caca, supostamente senhores de si, controladores dos seus impulsos devido à educação que tiveram, deixarem levar-se neste esculachar, se permitam a maltratar alguém só porque essa pessoa tem um estatuto social económico racial, o que quer que seja, diferente do seu pá.
Foda-se!

Ying Yang

...partiste por nada, ou talvez tenhas partido por qualquer coisa que está atrás dos meus olhos. A realidade é que não te encontras.

Às vezes, ensonado e em transição, começo a perder-me ou talvez a encontrar-me; sinto-me mesmo a sério, mas sinto-me cirandante em torno de mim próprio, um conjunto etéreo de partículas que deixam um inverosímil rastro. Novos pensamentos emergem da minha sombra, seguem-se uns aos outros ou então é sempre o mesmo, passa rápido por esta coisa que é o meu alcance e eu não lhe consigo prestar suficiente atenção para o descodificar, mas, esforço-me bastante; repete-se, lateja na minha cabeça sem que eu o possa entender.

Sinto que não devo parar o carro. Paro o carro porque tenho mesmo de parar. Vejo matéria orgânica trespassada à beira da estrada, matéria que está a sentir no máximo das rotações do sentimento, matéria que quase rebenta de tanto sentir. Eu sinto o seu sentimento e tiro as mãos dos bolsos para o apalpar, faço-o sem grandes problemas e ao largá-lo, fico com uma perene gosma nas minhas mãos. A matéria está dividida. Alguém grita «...CAÍU DE MOTA, CAÍU E IA MUITO DEPRESSA, MEU DEUS, MEU DEUS, AJUDE-O», aposto que iria espernear bastante se ainda tivesse uma perna que fosse, aposto que deseja a morte e mais que um desejo apenas, sente esse desejo na sua própria organicidade, sem qualquer somatização ou delírio psicotrópico. Está tão lúcido, grita tão alto...

«ah, vinha muito depressa, a culpa é dele», diz um senhor pouco importunado ou nauseado pelo cenário dantesco, diz um senhor com um olhar brilhante e uma postura espartana... Não esperava aquilo ali num contexto tão específico. O homem após ter condenado o enfermo que está no pique da sua vida (nunca foi tão intensa), apronta-se a abeirar-se dele e a consolá-lo de uma forma pouco assertiva, mas, é o único que se abeira dele e lhe toca e diz coisas como «vês, é por isto que não se deve andar por aí à maluca, já viste...». Ali, naquele curto espaço e marcado por poças de sangue, vi a união daquele que sente ao máximo e o que nada sente, a união entre a vida e a morte...