quinta-feira, outubro 2

look what you started

porque eu tenho uma albergaria no alentejo!
era isto o que uma imbecil de merda gritava a um empregado de mesa - porque este não tinha trazido outra chávena para pôr chá. A coisa passou-se da seguinte maneira: eu e uma amiga, um café numa dessas avenidas novas. Os dois indecisos entre doce ou salgado, croquete ou brownie, tosta mista ou croissant, ah, não há croissant com chocolate, então croissant com fiambre pode ser, não não, não há mesmo a categoria pasteleira de croissant de momento neste café. Nesse caso, uma andria para mim, galão. tosta mista para mim, sumo de laranja amarguíssimo, degustou ela depois. Chega o pedido e ouve-se a duas mesas de nós, da boca de um mulher que eu até tinha achado querida por estar a tirar uma ramela, ou semelhante categoria pasteleira, ao seu home, dizia, ouve-se o seguinte: você como é que se chama, rafael, ah, rafael, faz favor de me trazer outra chávena de chá (chávenas bojudas, alvas, reluzentes de porcelana, finas, apropriadas para chocapic talvez, não para chá, diria a minha mãe que gosta da chávenas de chá delicadas). 
O Rafael, que era brasileiro e parecia ter a rapidez mental semelhante ao trânsito na segunda circular por roda das seis da tarde, não percebeu a questão, a ordem, porque aquilo foi dado em tom de ordem. Não sabia ele a besta de merda com que estava a lidar, sabendo, tinha ficado nas amazónicas terras onde deixou a tez morena e saudável para adoptar aquele esverdeado sobre os olhos e crivos de borbulhas na testa. Lisboa faz muita coisa a muita gente mas, grosso modo, faz olheiras primeiro.  A conversa fica desagradável e ácida no tom, eu estava a tentar contar qualquer coisa à laura mas não conseguia concentrar-me; só se ouvia aquela imbecil de merda com uma arrogância que merecia ser cortada à faca. Meti o dedo indicador direito no ouvido do mesmo lado e continuei. Quando tiro o dedo, mercê de terminado o meu monólogo sobre amor e namoradas e a diferença entre homens e mulheres, ouço a imbecil de merda, vá chamar o seu gerente já. Ele lá vem outro brasileiro, bla bla a coisa continua, e ela, da baixeza da sua nobreza diz eu tenho uma albergaria no alentejo, e um restaurante; e eu juro que só me apetecia bater-lhe. Mas bater-lhe com muita força. O estúpido do marido, um pouco vesgo, que devia era ter tido mãos para calar a mulher, meter-lhe uma chapada na cara, apalpar-lhe as pernas e a cona, ou shhh querida, pronto; nada. Quedou-se, como se fora nada com ele. Apetecia-me bater nos dois. Com força, justificando todos os movimentos de libertação operária, indo buscar força a todos os cretinos que vão em manada protestar contra o governodespótico, bater-lhes sem piedade, arrancar-lhes os cabelos e enfiar a cara da mulher debaixo do meu sovaco enquanto lhe daria carolos dizendo és três vezes estúpida, pensas que só porque estás a pagar tens o direito de maltratar as pessoas que te servem? Sabes o que é que vais servir nesse teu restaurante como prato do dia na próxima segunda semana, quando não houver cação ou outro peixe? os teus rins ensopados no teu sangue.
bem, isto está um pouco violento. De qualquer forma, o moral desta estória é: como é possível? como é possível que estes engravatados de caca, supostamente senhores de si, controladores dos seus impulsos devido à educação que tiveram, deixarem levar-se neste esculachar, se permitam a maltratar alguém só porque essa pessoa tem um estatuto social económico racial, o que quer que seja, diferente do seu pá.
Foda-se!

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