segunda-feira, dezembro 6

Escondo-me o que posso nas roupas que tanto me custam comprar. Sinto-me mal dentro de lojas de roupa, parece que toda a gente olha para mim e sabe que ali não pertenço. Abrigo-me atrás de um ar que pretende não revelar nada. Há quem se aproxime, talvez ano sim, ano não. Nos anos ímpares, há quem me toque, quem me interrogue e queira, apesar das suspeitas de que algo não vai bem, chegar um pouco mais além. Não que eu interesse, mas sirvo para fazer figura. A minha capa… Eu nem sei bem porque ainda me submeto. Talvez a solidão seja mesmo atroz e eu precise de usar palavras, de debitá-las, ouvir-lhes os sons. Talvez a escrita, amiga e dolorosa, não seja suficiente. Então… lá vou, ouvir, ser ouvido, basicamente apenas oiço porque, movido por uma obsessão pela beleza, demoro a conseguir encontrar as palavras que quero utilizar e as pessoas, não esperam, não respiram fundo nem cedem uma oportunidade para eu começar; o silêncio incomoda e parecem ter tanto para dizer, ter tanto desinteresse para esbanjar de maneira abrupta, precipitada...

3 comentários:

Anónimo disse...

as palavras merecem que nos demoremos nelas; as que vão cheias,porque as palavras vazias têm sempre pressa, mas também não permanecem

é redentora a obsessão pela beleza. e a honestidade das tuas palavras.

Anónimo disse...

os teus posts parecem todos iguais lol

Maíra disse...

Posso fazer-te companhia..., sem esperas..., sem demoras..., queres?