sexta-feira, junho 26
sábado, junho 13
A Minha Reacção
terça-feira, junho 9
Alfred Hitchcock Presents
- Gostas de mim?
- Sim.
- A sério?
- Não.
- Mas... Estúpido...
- Porquê?
- Por que é que disseste sim?
- Porque era o que querias ouvir.
- Anormal...
- Estás a chorar para quê?
- Para nada...
- Preferes que te minta?
- Não...
- Então porque é que ficas fodida quando te digo a verdade?
- Não é o que eu quero ouvir...
- Por isso disse sim. Mas não me podes censurar por ter respondido sinceramente à tua segunda pergunta.
- Mas tu és parvo? Pensas que isto é um exame oral? É uma entrevista de emprego? Pensas que eu sou um computador? Sirvo só para a punheta e para brincar?
- Estou apenas a ser objectivo.
- Vai-te foder, anormal de merda! Se soubesse não te tinha dado troco...
- Rigorosamente, deste-me €1 a menos do que devias. Foi para meteres conversa comigo?
- Sim, anormal de merda, mas mais valia ter-te deixado passar!
- Sim, mais valia. Nesse dia o euro fez-me falta para o parquímetro.
- Não vales nada... Nunca mais te quero ver à frente! Paneleiro de merda! Robot do caralho! Devia cuspir-te a nhanha que engoli para cima!
- Agora será impossível. Já foi digerida. Tens de admitir que te reduziu o apetite.
- Vai-te foder! Porque é que me despedi do LIDL... Agora era Chefe de Loja...
- A tua falta de ambição choca-me. Podias estar no Continente. Ao menos é português e faz parte de um grupo que tem uma quota sólida no mercado de valores. Se bem que a SONAE SGPS tem andado em baixa.
- TU ÉS UM MONSTRO!
- Não. O que queres dizer é que sou um indivíduo que não responde aos estímulos externos normalmente. Situo-me fora da norma, o que, evolutivamente, não atrai tantas fêmeas.
- Não acredito nisto... Despe já o meu soutien e a minha tanga! Quero ir para casa!
- Não podes. Para termos benefícios fiscais, casei-nos e cessei o teu contrato de aluguer.
- Não podes fazer isso!... Como é que conseguiste?... E as minhas coisas?...
- Decidi que devias mudar de estilo. Vai comprar roupas novas.
- Monstro... Verme... anormal... Prefiro viver na rua...
- Nesse caso, aconselho-te a esclheres as arcadas de prédios dos anos 50 ou 60. São sólidas e têm uma disposição mais ergonómica.
- Vai para o caralho...
- Compreendo a tua insatisfação com a situação. Neste momento não é reversível.
- Abre a porta... JÁ!
- Não há necessidade de exaltações. Sairás daqui em altura oportuna. Ou alturas, visto que irei retalhar o teu corpo em pedaços mais pequenos, alimentando uns cães vadios na zona de Frielas. Penso que ninguém desconfiará.
- NÃO!!!! DEIXA-ME SAIR! ASSASSINO!
- Não adianta. Neste prédio só vive uma senhora de 89 anos, surda e com Alzheimer.
apologia a s-ó-c-r-a-t-e-s
quarta-feira, junho 3
Herbalife ou Jesus?
Ao entrar numa fila de trânsito, gosto sempre de ver o carro à frente. Mesmo que não gostasse, tinha de levar com ele. Mas gosto de ver a matrícula, o ano, eventuais autocolantes no vidro traseiro… Hoje, ali em frente do Campo Pequeno, fiquei atrás de uma Opel Astra de 96, com um condutor que me pareceu, pela tez e feições brasileiro, com um espelho retrovisor gigante, igual aos que se usavam nos carro de instrução no antigamente. Até aqui tudo bem. Conforme me aproximo do carro, vejo que tem umas letras enormes coladas no vidro traseiro. Primeiro pensamento: mais um gajo que foi submetido a uma lavagem cerebral pela Herbalife. Segundo pensamento: ou então uma gaja com o cabelo muito curtinho. O que dizia de facto aquele composto de letras adesivas? “Jesus está Vivo!” Fiquei contente. É bom saber que alguém que está morto vai para 2000 anos voltou à vida. Ainda para mais, quando é uma figura pública que é esperada por muita gente. Só tenho pena que quando Lázaro ressuscitou não houvesse o desenvolvimento na indústria dos adesivos que há hoje, que em 2000 anos se desenvolveu de forma exponencial.
O senão daquilo foram as letras pequena, por baixo das maiores. Sim, é sempre importante ler as letras pequenas, não vá um dia sermos acordados por umas pontadas na barriga, enquanto cirurgiões retiram pedaços do nosso saudável (ahem) fígado para doar. O que diziam estas letras? “Eu falei com ele hoje!” Ok, meu amigo zuca, uma coisa é dizeres que fulano está vivo. Agora, que falaste com ele hoje? Mas quem é que acredita que, depois de 2000 anos morto, sempre à direita do pai, sem poder comer uma gaja, fumar uns cigarro e beber umas jolas, Jesus, uma figura mediática, reconhecida por todos, ia logo falar com um brasileiro, imigrante em Portugal, a conduzir uma Astra de 96 com um retrovisor panorâmico? Ó eras! Se eu fosse Jesus, ia em primeiro lugar procurar uma prostituta para a salvar (se me faço entender), beber uma mini com uns amendoins, e ler A Bola para ver como está a safar-se o Calipolense nas distritais! Agora, falar com um gajo que há décadas reza e canta? E que anda com uma cruz ao pescoço! Se eu fosse Jesus, a última coisa que queria ver à frente era uma puta de uma cruz, que pelo que vi na Paixão de Cristo, deve ter doído um bocadito (Hicks, 1992).
Assim, e para concluir, acho que a Herbalife é como Jesus: parece uma solução viável para os nossos problemas, mas acaba sempre por nos desiludir.