terça-feira, junho 9

Alfred Hitchcock Presents

- Gostas de mim?

- Sim.

- A sério?

- Não.

- Mas... Estúpido...

- Porquê?

- Por que é que disseste sim?

- Porque era o que querias ouvir.

- Anormal...

- Estás a chorar para quê?

- Para nada...

- Preferes que te minta?

- Não...

- Então porque é que ficas fodida quando te digo a verdade?

- Não é o que eu quero ouvir...

- Por isso disse sim. Mas não me podes censurar por ter respondido sinceramente à tua segunda pergunta.

- Mas tu és parvo? Pensas que isto é um exame oral? É uma entrevista de emprego? Pensas que eu sou um computador? Sirvo só para a punheta e para brincar?

- Estou apenas a ser objectivo.

- Vai-te foder, anormal de merda! Se soubesse não te tinha dado troco...

- Rigorosamente, deste-me €1 a menos do que devias. Foi para meteres conversa comigo?

- Sim, anormal de merda, mas mais valia ter-te deixado passar!

- Sim, mais valia. Nesse dia o euro fez-me falta para o parquímetro.

- Não vales nada... Nunca mais te quero ver à frente! Paneleiro de merda! Robot do caralho! Devia cuspir-te a nhanha que engoli para cima!

- Agora será impossível. Já foi digerida. Tens de admitir que te reduziu o apetite.

- Vai-te foder! Porque é que me despedi do LIDL... Agora era Chefe de Loja...

- A tua falta de ambição choca-me. Podias estar no Continente. Ao menos é português e faz parte de um grupo que tem uma quota sólida no mercado de valores. Se bem que a SONAE SGPS tem andado em baixa.

- TU ÉS UM MONSTRO!

- Não. O que queres dizer é que sou um indivíduo que não responde aos estímulos externos normalmente. Situo-me fora da norma, o que, evolutivamente, não atrai tantas fêmeas.

- Não acredito nisto... Despe já o meu soutien e a minha tanga! Quero ir para casa!

- Não podes. Para termos benefícios fiscais, casei-nos e cessei o teu contrato de aluguer.

- Não podes fazer isso!... Como é que conseguiste?... E as minhas coisas?...

- Decidi que devias mudar de estilo. Vai comprar roupas novas.

- Monstro... Verme... anormal... Prefiro viver na rua...

- Nesse caso, aconselho-te a esclheres as arcadas de prédios dos anos 50 ou 60. São sólidas e têm uma disposição mais ergonómica.

- Vai para o caralho...

- Compreendo a tua insatisfação com a situação. Neste momento não é reversível.

- Abre a porta... JÁ!

- Não há necessidade de exaltações. Sairás daqui em altura oportuna. Ou alturas, visto que irei retalhar o teu corpo em pedaços mais pequenos, alimentando uns cães vadios na zona de Frielas. Penso que ninguém desconfiará.

- NÃO!!!! DEIXA-ME SAIR! ASSASSINO!

- Não adianta. Neste prédio só vive uma senhora de 89 anos, surda e com Alzheimer.

2 comentários:

Chigurh disse...

AHAHAHAHAH, muito bom...

Nada disse...

fight the machine