sexta-feira, fevereiro 12

Le Mépris, de facto, é um grande filme sobre relações amorosas, mas duvido que a BB o tenha compreendido.

Sei bem, até porque fui eu que o escrevi, que, a partir de certa idade as pessoas estão completamente fodidas: por dentro, por fora, na crosta, no âmago do tracto intestinal, por onde quer que seja. Mas começo agora a perceber que as mulheres e os homens diferem muito em termos de fodidagem psicofisiológica.
Os homens, basicamente, ficaram presos num passado, numa mulher, num fantasma de volúpia e num conjunto de hábitos evocadores de momentos que aconteceram e momentos que não tiveram oportunidade de o ser - recordam-se dos cabelos, do sorriso, do aroma, de uma tarde soalheira num nicho medieval, de uma blusa, dumas cuecas, de uma camisola, dumas calças que assentavam particularmente bem ou de um olhar na praia estando ela com o cabelo molhado e os olhos abrilhantados pela salinidade. As mulheres, enfim, as mulheres... as mulheres essencialmente, para além de segundo elas, raramente se recordarem dos conteúdos oníricos das suas noites, recordam-se duma pila. As mulheres não acham que alguma das suas relações passadas (onde certamente terão investido bastante) era perfeita, bela, grandiosa; nenhuma mulher fica triste por já não poder partilhar certas coisas com um tipo: se ele ou ela terminaram a relação, era porque a mesma não era ideal, tinha de findar, então, sonham é com outra relação, mas... fica a pila... fica como que armazenada não se sabe se num qualquer local do sistema límbico ou mesmo nas próprias paredes da vagina.
A pila que as fazia vir, a pila que as preenchia e as deixava com a impressão de ser a medida ideal embora soubessem claramente que podiam aguentar com algo bem maior. As mulheres têm pânico de não voltar a encontrar uma pila tão adequada, então, andam de relação em relação, cheias de temores e calafrios soturnos, medindo pilas, sentindo escrotos e prepúcios, sendo alguns deles imensamente bizarros e sinistros. Vão dizendo para elas mesmas, que o que importa são outras coisas: um emprego estável, uma conversa adequada, um meio de transporte eficaz e um tecto sólido. Um aspecto decente e digno de ser ostentado e exibido ou pelo menos, capaz de não as embaraçar pelas deambulações sociais que até nem têm de ser muitas.
Mas depois... aparece o gajo da pila. Cruza-se com ela na rua e. exibe o seu ar seguro, ele sabe que tem um poder sobre ela, então lança um olhar arrogante e dominador, sente-se claramente que ali há qualquer coisa e nessa noite... nessa noite não há sexo, ela não sabe bem porque não o quer fazer, mas, é apenas por fidelidade àquele naco de carne e músculo de textura fibro-esponjosa.
Quem nos manda esperar até depois dos 30 para emparelhar...
Se o homem encontra na rua a ex-namorada que o deixou, que o destruiu, a qual ele ainda admira e acha uma das mulheres mais belas que já viu, não fica com uma erecção, fica nostálgico e provavelmente, mal-disposto o resto dia. Se uma mulher se cruza com o gajo-pila, fica com a greta completamente lubrificada e age de forma nervosa e descontextualizada, talvez até tenha espasmos e arrepios, não se sabe.
A miséria não as aquece nem arrefece, o fantasma não é o outro tipo, pois ele foi esquecido, ultrapassado, dado como inapto por uma qualquer razão, mas o pénis... o pénis atiça-lhes as memórias carnais, aguça-lhes o espírito arguto e inconveniente quando se tem uma idade tal, que a pressão para emparelhar se começa a fazer sentir...
O curioso nisto tudo, é que um homem, pode ser tanto o homem-pénis para uma, como o homem bom para casar com quem ela se tem de remediar, para outras. Qual o melhor? O melhor é não pensar nestas merdas e arranjar uma tipa obesa que além de não ter fantasias com outros, certamente que fará o melhor sexo oral de sempre.

2 comentários:

Anónimo disse...

eheheh, lindo, a análise imprevisível que todos esperávamos: pois, costuma atribuir-se essas coisas, aí atribuídas às gajas, aos gajos.
ó nada, pá, quando lançares um livro (e lança mesmo senão) avisa aí que eu compro e não te esqueças de dizer o nome com que assinas.

ass.: uma gaja que no irc falava com o nada, pá, e nunca mais lá o viu, pá, fónix.

Nada disse...

Ainda vais ao IRC? Como é aquilo agora? Descreve.