sexta-feira, fevereiro 5

O polvo do Modelo, de facto, é uma merda.

Já estava a desconfiar. Em silêncio perscrutava os seus movimentos, auscultava as suas palavras vulgares e sua ridícula prosódia. Ela abanava a sua cabeleira descolorada e movimentava-se como que dominasse todo aquele espaço. Eu estava naquela fila e não ia deixar que me passassem à frente, não que tivesse qualquer tipo de pressa, porque naquele momento nada urgia; uns momentos perdidos numa fila até eram uma bela moratória para a minha consciência afogueada com minutos sobre minutos de nada, mas, o fantasma da bananice aliado ao aquilo que os outros pensam, alardearam-me os sentidos, tornando-me arguto e vígil.
- Desculpe, eu estava à sua frente - adianto-me eu interrompendo o seu pedido.
- Ah...
- Ah não, pareceu-me bastante evidente que estava à sua frente, a percepção de uma fila é uma coisa completamente à prova de idiotas.
E pronto, fiquei satisfeito, repôs-se a justiça social e enfim, fiquei um pouco mais parecido com a minha mãe.