quarta-feira, dezembro 17

Amor?!

Quando uma tipa que trabalha numa megastore da adidas no freeport e que por sinal é muito antipática e bem parecida, acaba com um tipo qualquer, ele não consegue evitar telefonemas consecutivos, mails, aparições à porta do prédio nos arrabaldes do Montijo, onde ela habita com uma mãe senil e um pai demasiado irascível. Ele insiste, ele quer saber porquê, quer saber o que causou tal decisão da parte daquela rapariga de cabelos lisos castanhos e olhos esverdeados e arrogantes; pergunta se aquele dia na praia, de noite, já nada significa, se aquelas horas que antecederam o primeiro beijo, já estão esquecidas, o que será dele, pergunta ainda. Claro que não obtem resposta, continua na ignorância idiota, na descrença que o contexto se altera. Passado algum tempo, levados pelo desespero, ele quer negociar e como o negócio parece vantajoso para a rapariga, ela acede às negociações. «Só te pergunto mais uma coisa, apenas uma pergunta, respondes e eu nunca mais te chateio...» ; «tudo bem, eu respondo e tu segues a tua vida» (que coisa idiota, seguir a vida, como se a vida parasse, o tempo estagnasse e os dias não se sucedessem naquele néscio fatalismo).
- Ele é melhor que eu na cama? Ela nega-se a responder, então, revoltado e a sentir-se ultrajado pela quebra da promessa, ainda apruma a questão, pergunta mesmo aquilo que quer saber, o que o move, o que o faz desesperar... - Tem a pila maior que eu, é?
E pronto, é isto que preocupa as pessoas, o tamanho da pila. Não querem saber se a pessoa que supostamente amam, vai ficar bem, se irá ser feliz etc etc etc. Quer é saber quem tem a pila maior. Amor? Lá existe amor...

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