domingo, abril 27

Os seres humanos fumados

No início era o verbo. Logo a seguir, Esmegma potenciou o livre arbítrio para que se criassem todas as coisas boas: As Baratas, o Reggaeton, o Tunning, os Delfins, o David Fonseca a solo, os livros da Margarida Rebelo Pinto, o Crime do Padre Amaro (série de televisão), o blogue Spartan by Heart, a página do HI5 da Vânia Pardal, as cotoveladas para vincar uma posição, a frase “o que é o comer?” e o “ãhnnn!?”seguido de uma pausa a meio da articulação de uma frase.

Aborrecido com os resultados, resolveu fazer uma jam session com os elementos. Partiu do Homem e criou o campo. No seu estirador, desenhou as tendas de campanha da Camping Gaz , os burros e os cavalos anorécticos e esfomeados. Desenvolveu os carros com matrícula espanhola (sempre da cidade de Ourense), invariavelmente, tractores de uma roulotte com parabólica no tejadilho. Criou o racismo, o preconceito e a ameaça de justiça popular. As vendetas, caçadeiras de canos serrados artesanais, facas, a venda de ouro branco e o comércio de contrafacção nas feiras.

Apesar da grande orquestração desta sopa primitiva, Esmegma sentiu que o seu trabalho ainda não estava completo. Decidiu juntar esta tribo à volta de uma fogueira de pneus queimados, para que perpetuassem as suas orgulhosas estórias aos mais petizes. Milagrosamente, graças às labaredas, ao fumo e à fuligem, adquiriram uma tez e cheiro muito característicos. Tomando consciência da beleza do acaso, Esmegma complementou e eliminou da sua cognição os conceitos "água" e "higiene pessoal". Surgiram assim, os primeiros seres humanos fumados.

Esmegma contemplou a sua obra e sorriu. E os ciganos nasceram.

3 comentários:

Homem da Fruta disse...

Não... há... palavras...

Caro Chigurh, podias ser considerado o Moisés da nova religião/estrutura mística dos humanos fumados.

Outra questão... Quando um cigano se chama Ramon, será Ramon ou Jamon?

Nada disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nada disse...

Sempre que leio isto, rio-me imenso e sinto a premência de controlar o esfincter, para que não saia uma espécie de caganita de cabra pelo meu ânus.