sexta-feira, janeiro 16

Se um dia me vires na rua com um copo na mão, nunca penses ser um copo qualquer!

escherNestes dias de frio intenso, em que tiritamos sem controlo, só nos apetece estar na caminha a ver pornografia gonzo. Neste paradigma do cinema independente e de autor, as debutantes, normalmente, afiguram-se com ausência de consciência momentânea ou prolongada (Drogadas ou Bêbadas; pessoalmente, prefiro bêbadas). Cedo percebemos que estas se encontram possessas pelo demónio da luxúria. Prontamente, ocorrem um, dois, às vezes mais, acólitos de tez de ébano, normalmente disfarçados de gajos totalmente depilados. O exorcismo dá-se, através de estocadas tenazes e ferozes, em vários pontos consagrados, sempre, em consonância com os rituais do auto e hetero-entretenimento. And so on….ou melhor… und so weiter…. E, posso dizer que a rapariguinha no final se salva, e pode voltar a ter uma vida normal - Ir ao cabeleireiro com a melhor amiga, ouvir reggaeton e resolver sudokus, enquanto espera pela vez para ir à assistente da Segurança Social.

De volta à vaca fria, perdão, ao meu ponto, apesar do inverno rigoroso (daqueles que os nossos avós se lembravam, e que meia dúzia de velhos do Restelo ambientalistas profetizaram que nunca iria voltar) existe um oásis em Lisboa, um sítio onde é sempre Verão: a Loja do Cidadão dos Restauradores. E porquê ? respondo à lá Sócrates:

1º – Quando entramos na loja do Cidadão, reparamos nas pessoas e parece que estamos num país exótico, desses que passam metade do ano ou em seca ou em monções. Em que há uma cheia, e morrem muitas pessoas. Em que uma grávida entra em trabalho de parto na fila para ir votar e chama o seu filho/a de “Voto”, tal a opressão de anos e anos de ditadura. Em que dia de festa, não acaba sem tiros de Kalashnikov para o ar, em que felicidade significa ter uma arma e ter uma arma significa ter um certo poder, e, no fundo, tudo gira em volta do Poder, seja este escrito com éfe (Foxtrot; · · – · ) ou com pê (Papa; · – – · ). Um desses países que ficam nas terras de Vera Cruz, nas Índias, como a Buraca, ou então os bairros típicos de Alfama e Mouraria.

2º – Por infeliz coincidência, os humores que se inalam por este oásis, são ricos e frutados. De fazer reviver as memórias olfactivas a um trabalhador de um aterro sanitário. Lembra o açafrão e a canela das índias, o café de Timor Lorosae, a cana de açúcar do Brasil ou então o metro apinhado de gente no verão, quando as pessoas, a mole de pessoas, sem mais opções erguem os braços, e de repente fechamos os olhos, e somos assaltados pela memória daquela visita de Estudo a uma ETAR no secundário. Também, das cuecas que usamos durante 1 semana seguida naquele acampamento de verão, em que defecávamos sob um lindo céu estrelado, no meio do mato, e, pela primeira vez, metemos um dedo na vagina de uma ninfeta, ao mesmo tempo que ela se contorcia de uma forma desconhecida até então…

Entretanto, quase sem pensar, tenho vontade de chegar à senhora do guichet da segurança social e pedir uma Margarita com pouco gelo, ao que ela provavelmente retorquiria “ Senha A é para o Atendimento Geral, a Senha D é para Entrega de Impressos, está ali tudo explicado senhor…”, entre dentes, “ arre que as pessoas são burras….”.

3º – As pessoas tratam-se umas as outras como no Algarve….

PS: O Titulo foi tirado daqui http://www.wyrusalmapodre.blogspot.com/.

1 comentário:

rameladoiro disse...

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL