terça-feira, janeiro 13

Time Traveling My Ass

Desde o início da ficção científica, penso que no séc. XVIII (antes disso, apenas havia ficção religiosa, muita dela adoptada como dogma), que o Homem sonha com viagens no tempo. Talvez tenha tido origem antes disso, mas a viagem no tempo romanceada começou nesta altura. Grandes máquinas, grandes cálculos, grandes génios. São estes os requisitos para viajar no tempo. Eu digo: NÃO!

Porque digo “não”? Eu explico. Por 3 razões: porque tenho uma justificação plausível que vou explicar de seguida; porque me apetece contrariar um conceito ficcional do séc. XVIII; porque os nerds que não lêem isto diriam que é possível, através de wormholes e merdas assim, ao que eu responderia “então mas isso já está fabricado? Não? Então calem-se e masturbem-se com a princesa Xena que deve estar a dar no canal Sci-FI! Nerds de merda… Filhos da puta de quatro olhos… Sempre a vir com merdas… Isto não é o World of Warcraft, panascas! Sim, panascas! São rotos e não têm coragem de admitir, e por isso admiram figuras de acção como o Luke Skywalker, esse exemplo de masculinidade…”

Bom, ultrapassado este momento de raiva para com os nerds, iniciado pelo facto de estar a dar uma versão musical do Oliver Twist no canal Hollywod, vou justificar a primeira das razões que me levou a dizer que não é necessário ser um génio e ter recursos para viajar no tempo. Basta ir à Baixa de Lisboa. Casas de bacalhau, que ainda têm esse fiel amigo disposto em camadas em cima de bancadas de mármore; casas de conservas, que ainda têm conservas com rótulos que resistiram aos publicitários modernos que, nas sábias palavras de Bill Hicks, deviam matar-se; grandes armazéns de artigos para a casa como a Pollux e o Braz & Braz. Nestes últimos, a viagem é mais curta. Vai aos anos da minha e da vossa infância (se os artigos que vou enumerar de seguida forem da vossa adolescência ou jovem idade adulta, já estão velhos como a merda…). No armazém Braz & Braz, pode-se ver uma panóplia de loiça de mesa e de copos que não se encontram em qualquer lado. Até têm os copos de bagaço com a risca azul a marcar a medida… Isto no rés-do-chão. Encontram-se neste piso, ainda, uma variadíssima selecção de artigos de cozinha modernos, para acompanhar os tempos. No entanto, ao subir ao primeiro andar, entramos na Twilight Zone… Ferros de engomar a carvão, picadores de carne de ferro, dos que se fixam às mesas com um parafuso enorme, conchas de sopa de inox de tamanho ciclópico, cataplanas e companhia, etc., etc. Existe ainda, e este facto foi o que mais me emocionou, uma estante de exposição subordinada a apenas uma marca de utilitários de cozinha. Esta marca, e agora vem aí a surpresa… é… (rufo tremendo, seguido de um solo de 10 minutos do John Bonham dos Led Zeppelin, para quem não saiba… “Nós sabemos. Aliás até tenho a colecção de bootlegs completa, comprada no ebay a um colec…” CALEM-SE, caralho! NERDS DE MERDA! NÃO QUERO SABER! MORRAM!)… é… MOULINEX! Sim! Para quem pensava que a Moulinex estava morta há muito, engane-se! Ela vive nos nossos corações e no armazém Braz & Braz! Fiquei tão surpreendido como quando soube que a Joni Mitchel não tinha morrido… Um passe-vite, um esmagador de alhos, um sem número de utilitários de cozinha da Moulinex ainda sobrevivem…

No armazém Pollux, por sua vez, apenas tive o prazer de regressar à infância por acaso. No piso dos brinquedos, se ainda se lembram, tinha tudo e mais alguma coisa… Das coisas mais antigas às consolas mais novas. Pois é, parece que parou no tempo também. Ao sair do elevador (não sei qual o piso) no piso dos brinquedos, deparo-me com um móvel com uma televisão. A esta televisão estava ligada nada mais, nada menos do que uma NINTENDO 64! Sim, uma Nintendo 64. E na prateleira protegida com uma porta de vidro estava uma Nintendo NES já amarelada dos anos. Também numa vitrina ao lado, estavam expostos vários jogos, tanto da Sega como da Nintendo, para a Master System, Mega Drive, Game Gear, Game Boy, etc. Vieram-me as lágrimas aos olhos, não por pensar na minha infância adorada, quando ia com os meus avós à Pollux, mas sim pela frustração que era de todas as vezes que eu pedia algo, não me darem. Bem, se calhar foi isso que fez de mim o homem que sou hoje: um gajo que se se apanha com dinheiro na mão gasta na primeira coisa que lhe suscita curiosidade ou desejo.

Como vêem, viajar no tempo é barato.

4 comentários:

Nada disse...

Há uns gajos que dizem que é aborrecido, viajar no tempo. Pá, a Joni Mitchel adquiriu a imortalidade por ter sobrevivido a uma invasão de placo no woodstock, quem invadiu o placo? pois é, o manson!
E videogames daqueles pretos? Com um manipulozito a passar os 100 jogos, todos iguais e muito simples?
A nostalgia...
E os salames a 25 escudos... o púbis por depilar...
Mas eu tenho saudades é dos jogos de rua, da rua mesmo. Antes o pessoal ia para a rua por ir, para não ficar em casa, agora só saem para ir comprar merda, cumprir obrigações ou para ir para o bairro alto ou para as docas, ou para o lux, santos? Pois, entenderam a ideia.
Ficam desde já convidados, para uma ida ao mercado de domingo aqui na margem sul, para ver se encontramos jeans uniforme, soviet, coisas assim.

Nada disse...

E não me venham falar na ladra, que pode ter muitos míticos, mas depois, tem aquela corja de pessoal novo que vai para lá de calças freak, vender as porcarias da infância e merdas afins, para terem guita para as drogas leves e comprar coisas disfuncionais e bizarras no ikea.

Anónimo disse...

olha, eu quanto a ti não sei, mas eu cá não depilo a minha púbis.

gostei muito da viagem ao passado.

Anónimo disse...

Eu até saía para a rua mais vezes, mas o frio e o facto de já não haver pessoal para jogar à bola no arco, driblando por entre bostas de cão ainda frescas, não me motivam a sair de casa...