domingo, março 23

Auto-flagelação

Situação trágico-cómica: Testemunho prototípico de alguém que passou por um mau bocado na vida e que agora se sente na obrigação de passar a palavra a toda a civilização como forma de prevenção.
Todos sabem que a melhor tosta mista é feita com pão de Mafra. Certo dia estava a minha pessoa a preparar uma dessas tostas mistas quando se cortou. Foi a melhor sensação em dias. Toda a dor que me perseguia desde a adolescência se dissipou. Sim, porque eu sinto permanentemente uma dor na alma, porque ainda não me consegui livrar de certos tiques típicos da Fase do Armário. Porque pensam que ando a tirar o curso de Psicologia? Para me tratar, claro está. Ora, o corte que deu origem à auto-flagelação fez por mim mais do que 5 anos de faculdade. Assim, deixo desde já uma moral: tu que estás no 12º Ano, se estás indeciso entre Psicologia e outro curso, dedica-te à auto-flagelação e tira o "outro curso". 
Mas nem tudo são rosas no mundo da auto-flagelação. O problema é que a dor reaparece após um breve jorro de sangue e por isso neste momento apenas tenho um braço. Isto dificulta em muito tanto a auto-flagelação como, o pior de todos os males, o corte do pão de Mafra. Por isso, neste momento apenas me resta dar cabeçadas e atirar-me contra uma parede como forma de auto-sacrifício, e apenas como tostas mistas com pão de forma o que, volto a salientar, é uma verdadeira tragédia. 
Irmãos e irmãs nunca adiram à auto-flagelação ou pelo menos mal-tratem partes do corpo mais dispensáveis (como roer as unhas até ao sabugo, por exemplo). Estão dispostos a comer tostas mista com pão de forma para o resto dos vossos dias? É esta a pergunta que devem colocar a vós próprios. 
Eu aprendi da pior maneira o que é ser "Bimbo, com muito gosto". Não sejas mais um Bimbo.

Sem comentários: