quarta-feira, março 19

Conversa de circunstância

Uma coisa que me irrita terminantemente é a conversa de circunstância. Falar só por falar, para não ter que lidar com um certo desconforto silencioso por se estar a sós com um semi-conhecido ou desconhecido. Eu alimento-me destes silêncios! Eu vivo para estes silêncios! No entanto, ainda há pessoas que me impedem de viver e de me alimentar... Uma conversa que surge muitas vezes (isto falando no contexto trabalho) é a conversa dos filhos. Está toda a gente a tentar trabalhar e, eis senão quando, um palhaço/a se lembra do cagalhão em forma de Nossa Senhora que o filho fez no penico na noite anterior. Meus caros, isto devia ser alvo de processo disciplinar! Um/a gajo/a devia ser suspenso durante uns anos, até o filho sair de casa, para não haver mais nenhuma conversa do género: "Ah, o meu filho entrou na escola e fica na primeira fila, para aprender muito!" ou "Ah, o meu filho entrou no secundário e fica na fila de trás, para fazer bicos ao colega do lado" ou "Ah, o meu filho foi considerado o caloiro mais popular do IST, depois de ter levado com cento e tal maçaricos pelo cachaço a baixo" ou "Ah, o meu filho acabou o curso e arranjou um travesti como namorada!" Era dispensável este tipo de conversas. Recentemente descobri que as pessoas que não têm filhos, nomeadamente os estagiários, também falam espontaneamente de algo para contribuir p a conversa de circunstância. Mas, como foi referido, não têm filhos. Então e falam do quê? Eu respondo a esta questão que deve estar a pulular nas vossas mentes: falam de CÃES! CÃES! Da raça dos seus cães, da côr, da idade, das gracinhas... até da puta do cagalhão que fizeram com a forma da Nossa Senhora! Para que é que me interessa saber das artroses dos vossos caniches, se chegam ao joelho ou à coxa, se dão a pata ou fingem-se mortos, se têm a língua macia ou áspera... Estou-me a cagar! Quero estar sossegado, em silêncio e sem estabelecer laços! Quero estar sozinho a gozar os constrangimentos dos fretes que faço! Ah... Melhor! Se não têm cães ou filhos falam do quê? Hã? Crochet? Não... Falam do GINÁSIO! Sim, falam das actividades que fazem no ginásio... Pilates! PILATES! EU NEM SEI O QUE É PILATES! Enfiem o pilates pela peidates acima! DEIXEM-ME SOSSEGADO, PORRA! Sim, é verdade, sou um indivíduo sem pretensões a Relações Públicas ou a Psicólogo. Sou apenas uma alma penada à espera da justificação da minha existência... E cada vez que me ocupam com as vossas conversas, apetece-me cada vez mais farinha maisena... Ou então Cerelac... Pensal não, que não gosto... Quando for velho e não tiver dentes, quero alimentar-me só de papas... E beber leite humano directamente dos seios de uma finlandesa que tenha parido o Anti-Cristo... AH... Bizarrias...

1 comentário:

Anónimo disse...

Também oiço falar disso do pilates lá no trabalho, não sei o que é, mas tem um nome muito homossexual.
Foda-se, as letras abaixo são complicadinhas de se descortinar.
Ah, todo o post relata uma realidade execrável, mas não deixo de pensar em mamas.
As letras deram errado e apareceram umas mais fáceis.