sábado, março 29

Septicemia febril

Estava a ouvir qualquer coisa, a noite seguia fria e fantasmas de infedilidades corroiam-me a mente de uma forma deliciosa, que só desgraçados como eu, conseguem apreciar. Não estava tão mal como nos normais dias, ao mesmo tempo, não fedia como habitualmente, visto ter tomado banho naqueles frios e repulsivos chuveiros. Urinei no chuveiro - uso chinelos. Encontrava-me para lá da habitual depressão, gritava coisas imperceptíveis, apenas e só para fazer barulho e incomodar aqueles tipos que todos os dias vejo de várias formas, quando sinto que só devia ver-me a mim e ao meu anel de queijo, de uma forma onírica, pois claro, visto que estar acordado é merdoso e impossível de ser apreciado por alguém tão depressivamente evoluido quando eu. Ia cagar, era isso que me animava, que me fazia usar músculos e articulações, tirava-me da letargia física e conduzia-me para aquelas latrinas compartilhadas com mais uns 30 tipos cujo o nome, amiudamente, conheço. Chego ao cubículo, que tresandava a enxofre e a um coagulado qualquer em putrefacção, como é costume e, reparei no tampo da sanita, em baixo. Sem entender bem porquê, fiquei temeroso, nervoso, hesitante... Acho que era a primeira vez que encontrava um tampo da sanita para baixo, já havia perscrutado bordas da sanita completamente conspurcadas por urina, por fragmentos de fezes expelidos quando uma monumental diarreia do Balixa; já tinha ficado a olhar ficamente para uma sanita com água quase até ao cimo, mas... Um tampo em baixo... Não levantei o tampo, temi, sou adicto a uma qualquer cobardia. Uma caixa de Pandora por ali continuou. Que estaria lá dentro? Quem se terá dad ao trabalho de fechar a sanita, deixando pela primeira vez a descoberto uma carregada marca de ferrugem onde o tampo se apoiava no depósito da água? Merda, tenho medo...

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