- Tem cuidado…
- Eu sou cuidadoso. Não sabes já?
Ela contorcia-se a cada dedilhação dele.
- As… Hmmm… tuas mãos… aaaahhh… as pontas… parecem borrachas… Aaaahhmmm…
Ele embrenhava-se cada vez mais no improviso. Ouvia nitidamente a música na sua cabeça. O clítoris dela era um amplificador da sua associação livre musical.
- É isto… Ahmmm… o teu acid… tsssss… JAAAAZZZZZ…
Cada sussurro dela, cada gemido, compunham uma melodia penetrante. Soava-lhe a um saxofone sofrido, desgastado pelos sopros constantes e persistentes, perpetrados por todo o tipo de homens, ao longo da sua vida.
-Não…
- O que foi?
A preocupação dele foi forçadamente falsa. Não lhe interessava que ela sofresse ou não.
- Nada… Continua…
O improviso intensificava-se. Ele fazia escalas, frenético. Não parava num tempo. Os dedos fluíam pelos lábios lubrificados dela. O clítoris vibrava, como uma corda fustigada numa composição epiléptica.
- … jaaaaaazzzz…
- Chhhh… Continua a gemer. Pareces o trompete do Miles Davis.
Ela suava. Ele fuma um cigarro e continua a composição mentalmente.
- Toma, fica com o troco. Hoje tocaste bem.
-Cada vez mais fico mais apaixonada por ti… Não te quero cobrar… Faço-o com prazer…
- Não. Toma. Não gosto de ti, gosto da tua música.
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