quinta-feira, setembro 25

Sobre o Satanismo

Quando penso num ritual satânico, imagino aí uma dúzia de putos góticos/satanistas que, chegando ao fim do mês, fazem uma vaquinha durante a semana, para comprar galinhas na feira do relógio, luz ou de Odivelas. Os machos normalmente tem nomes pouco comuns tipo Albino ou Mário. Normalmente, resolvem essa dissonância cognitiva substituindo a últimas duas letras do seu nome pelo sufixo “us”, ficando assim Albinus e/ou Marius, o que dá muito mais estilo e atrai muito mais as fêmeas. Já elas, normalmente, adoptam o epíteto de “Lady” qualquer coisa, como se de uma linhagem negra descendessem.
Nessa sexta-feira, fim do mês, mal a campainha da escola secundária/Fábrica de confecções/Fábrica de moldes de plástico para a indústria automóvel toca, levantam-se num ápice e dirigem-se a casa, freneticamente trocando esseemeesses para combinar a excursão para o meio da serra de Sintra. Lá, no conforto das paredes tingidas a preto, ao som de Immortal e com os morangos com açúcar mudos no ecrã da televisão, tomam um banho. Vestem as suas melhores calças de spandex negro e afivelam o cinto com os cartuchos de G3 do pai que ficou traumatizado no ultramar, pois tomou-lhe o gosto em chacinar pretos. T-shirt da banda de black metal obscura e lá vão, depois do bom jantar da mamã, todos para os diversos satan-mobiles, com os galináceos na mala, cerveja, velas, caveiras, copos, talheres e pratos de plástico, petromax e o bico da campingaz para fazer uma cabidelazinha quando o ritual acabar, porque isto de adorar o mafarrico dá cá uma larica e,toda a gente sabe que, as góticas/satanistas têm jeito para a cozinha.
Chegam ao seu destino. Iniciam os preparativos, têm sorte! A lua estava alinhada, assim os cânticos estimulam mais as células auditivas de Baphomet: causa-lhe formigueiro na mão disforme e vermelha e provoca-lhe uma semi-erecção demónica. Pimba, quando o galináceo menos espera fica acéfalo e o ritual é concretizado. Tudo acaba, num bailarico, enquanto se aprecia a cabidelazinha negra, agradecendo-se assim a colaboração do bicho. Tudo se vai embebedando. Os mais afoitus têm esperança de mandar uma berlaitada satânica na profundidade da serra com alguma Lady qualquer coisa mais ardida, mesmo que para isso tenham de lutar contra o complexo sistema de fivelas das botas que lhes chegam aos joelho. E assim tudo termina numa dança, ao som da própria rabeca amaldiçoada e do virtuosismo infernal do próprio Baphomet.
Quando tudo acaba, quando já sobejam apenas os despojos para a pilhagem, toda a gente apanha o lixo e faz a sua separação. Os que teimam em a fazer mal são repreendidos e recebem coaching nas áreas de Educação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social. No caminho para fora da serra, deixam os saquinhos devidamente identificados dentro dos contentores do ecoponto e seguem para as sua vidinhas felizes e renovados por mais um ritual negro.
Pois bem, para lutar contra estas ideias idiotas e pré-concebidas (Satanistas a fazer separação, REALMENTE!), e, para reflectir sobre o que é ser e pensar o satanismo, os verdadeiros seguidores, do alto da sua grande erudição e sapiência satânica resolveram (talvez ainda imbuídos com o espírito de Abri), juntar-se ao associativismo e criar a Associação Portuguesa de Satanismo (http://www.apsatanismo.org/). Se, és como eu, e queres torrar uns minutos a gargalhar com vontade, visita este site. Podes ter a certeza que não interessa nem ao menino Jesus.

1 comentário:

rameladoiro disse...

LOL! isto de adorar o mafarrico dá cá uma larica huhuhuhu