2. estava hoje a passar lá para o fim da Rua Augusta e, a certa altura - perto de uma loja de fotografias que pratica uns preços que só são justificados pelo facto dessa mesma loja pertencer a um indiano com o ego em alta- vejo a dona rosa, aquela do triângulo e dos ferrinhos que lançou um álbum e tudo, do meu lado esquerdo, preparada para desferir um riff mortal naquela merda. Depois olho para o meu lado direito e, quase em frente da dona rosa, está o homem cego que bufa naquela espécie de harmónio sem o qual,
admitamos,
a rua augusta não seria a mesma. Estavam os dois quase frente a frente. Havia ali uma certa tensão acho eu, mas não era de inimizade...
2 comentários:
Provavelmente, a tensão sentida seria sexual, pois como são cegos, toda a gente sabe que o processo de corte és feito sonora e olfativamente. Ou seja, estavam os dois a tocar a sinfonia do acasalamento, exalando hormonas através das glândulas sudoríparas. Alguém ficou feliz nessa noite. Quer dizer, nessa noite ou dia, que para os cegos é tudo igual. Simplesmente diferenciam as fases do dia pelo número de pessoas que lhes dão moedas, pois estão imersos em constante escuridão.
lamento a pergunta pragmática, mas.... e o canalizador??
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