terça-feira, dezembro 30
O Natal é lindo
domingo, dezembro 21
Condicionamento?
sexta-feira, dezembro 19
quarta-feira, dezembro 17
Amor?!
segunda-feira, dezembro 15
Só porque sim...
domingo, dezembro 14
lazy bones.
quarta-feira, dezembro 10
Cor do céu
terça-feira, dezembro 2
A noite (in)feliz
«Entrei numa casa trivial, casa de raparigas solteiras que haviam organizado as coisas, a proxémica, os víveres, a luz, de forma a darem uma aparentemente modesta mas que na realidade era uma pretensiosa festa; para mim, era mais que uma festa, era um baile de debute intelectual. Abriste-me a porta, formosa, de seios petulantes e com um penteado cheio de estilo que ficava bem com o teu embotado e ao mesmo tempo, perverso olhar – vi-me em ti. Sigo-te enquanto cirandas pela casa e me apresentas ao teu rabo proporcional e às pessoas que por lá estão com o seu à vontade e ar pedante; vou recusando as ofertas de alimento mas até me apetece comer, recuso nem sei bem porque e invento rocambolescas justificações para a recusa que só podem mesmo parecer rudes ou no mínimo, idiotas; talvez eu não queira comer porque não confio nas minhas maneiras no trato com os alimentos e talheres ,porque desconfio que pareço uma besta a deglutir, um abrutalhado devorador de carne, coisa que ali não existe, ali ninguém come carne, ali estão todos num nível moral acima do meu.
Parece que toda a gente se conhece e eu, não conheço ninguém. Ela, a que me abriu a porta, olha-me de soslaio e parece abstrair-se da conversa e dos outros, embora, quando a referem, sorria com pelo menos metade da boca. As conversas à lareira mal ateada que solta grandes quantidades de fumo directamente para sala e ao som de dvds musicais, correm-me bem, fala-se de economia, sociologia, política, merdas afins, e como que por milagre ou por uma estranha verve que calhou surgir naquele dia, tudo o que eu digo parece acertado, até consigo introduzir estrangeirismos de forma assertiva, algo inédito até então, tudo aquilo que os outros referem é por mim conhecido, faço acrescentos, apartes, referências caleidoscópicas, ouvem-me, invejam-me, tentam refutar-me delicadamente mas eu ainda mais delicadamente, faço-lhes ver a minha razão e acabam por aceitá-la, consumi-la com um delicado travo a desagrado. Ela, de vestido cinzento, foi ficando mais silenciosa e também voluptuosa ao longo da noite. Chega a hora das despedidas: tal como os outros fazem, revelo a intenção de partir; despeço-me de um, de outro, dou dois beijos numa qualquer, ela fixa-me, olha-me com um olhar triste, de animalzinho abandonado, de criança órfã que vai contorcendo os músculos da face para arranjar entre as rugas caducas geradas pela vida, mais uma fresta onde guardar nova desilusão. Será que quer que eu fique? Vou retardando a minha saída o mais que posso, ela nada me diz, até que: Não recebeste uma mensagem no telemóvel? Consulto-o e tenho duas, a primeira pergunta se já vou, a segunda, num clamor de desespero ou confiança, pede para eu ficar. Fiquei…»
quinta-feira, novembro 20
Chroma Key.
Acordo Ortográfico
sábado, novembro 15
Humanete II
Ao fazer uma pesquisa na internet, mais especificamente através de um popular motor de busca (que já se tornou verbo), da palavra “inovação,” foram encontrados 6.830.000 resultados. Fazendo a mesma busca com a expressão em inglês, “innovation,” foram encontrados 123.000.000 de resultados, cerca de 18 vezes maior que a anterior. Não sendo muito relevante para o assunto desta tese, é significativo o peso que a inovação tem nos dias que correm.
A febre de inovação não pára de subir: Magalhães, Projecto e-Escolas, formação de equipas de trabalho nas organizações, etc. Tudo serve de pretexto e de contributo para a inovação. O facto de a inovação introduzir algum grau de mudança (p.e. mudança de estratégia ou adição de um novo público-alvo) (Dougherty, 1999) favorece, por exemplo, até os candidatos presidências dos Estados Unidos da América, envergando o chavão da mudança e da inovação. Favorece também, num outro exemplo, a imagem de Portugal no panorama internacional. Quem não se lembra da oferta generosa que o Primeiro-ministro português José Sócrates fez, na Cimeira Ibero-Americana de 2008, em que “ofereceu computadores Magalhães aos Chefes de Estado e de Governo dos 22 países que participaram na XVIIII Cimeira Ibero-Americana, na capital de El Salvador” e que “a distribuição dos computadores Magalhães antecipou o anúncio de que o Governo português escolheu a Inovação e as Novas Tecnologias como temas da Cimeira Ibero-Americana de 2009, que será organizada por Portugal” tendo um resultado benéfico em termos de vendas, pois “depois da Venezuela ter assinado um contrato para a aquisição de um milhão de computadores, Portugal procura agora entrar nos mercados do Brasil, Chile e Argentina, países que já mostraram interesse no Magalhães. “ (http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=370336&visual=26&tema=2) Apesar de não almejar ser um texto jornalístico, este excerto demonstra como a inovação serve para variados propósitos, como neste serve de estandarte de desenvolvimento e investimento por parte de um Estado.
A palavra entrou na linguagem do dia-a-dia, sendo aplicada correctamente em alguns contextos, mas noutros é utilizada abusivamente. Exemplo disso é o facto de surgir, como acontece em algumas organizações, como uma espécie de Santo Graal que resolverá todas os problemas inerentes com o clima de incerteza que se vive. Não há problema em prometer “inovação”. A questão reside na vacuidade da promessa, ou seja, o Graal costuma estar vazio.
Outra questão inerente à utilização da expressão “inovação” é a limitação do conceito. Quando se escolheram os temas para a Dissertação de Mestrado Integrado, colegas da mesma secção e de outras secções e “credos psicológicos”, na sua curiosidade natural (e também com intenções de benchmarking), perguntavam qual o tema da tese e qual o orientador que tinha escolhido. Respondia sempre da mesma forma: “Inovação, mais especificamente, Clima para a Inovação”. Foram raros os casos em que não obtive uma resposta/pergunta relacionada com o facto de ir estudar as Novas Tecnologias ou as Tecnologias de Informação. O mesmo aconteceu com familiares e amigos fora da faculdade. E acontece com as pessoas em geral. Aproveitando o que foi escrito acima, o facto de a Inovação e as Novas Tecnologias terem sido a escolha do Governo Português como temas da Cimeira Ibero-Americana de 2009 pode influenciar, em parte, a confusão entre Inovação e Novas Tecnologias. As Novas Tecnologias fazem parte da Inovação, mas nem toda a Inovação é da esfera das Novas Tecnologias. Inovação pode manifestar-se através de uma obra de engenharia grandiosa, como por exemplo, o Estádio Olímpico de Pequim (ou Beijing, consoante os gostos), mais conhecido como Ninho de Pássaro. Pode manifestar-se também nas coisas mais simples, como por exemplo, utilizar um clip de escritório para resolver o problema da lapiseira que está estragada e que recolhe as minas ao escrever.
A Inovação está na moda. Na publicidade também é referida. Um produto que surja tem de ser inovador. Seja o design, seja o material de que é feito, seja o fim para o qual se vai utilizar, seja qualquer coisa. Terá de ser inovador. Exemplos disso são máquinas de barbear com cada vez mais lâminas, revestidas com uma liga metálica hipoalergénica, com uma pega ergonómica e com dezenas de patentes registadas num objecto quase insignificante que cabe na palma da mão e que ao fim de um tempo de utilização vai para o lixo. Outro exemplo é a cerveja, cujas marcas utilizam fórmulas artesanais, inventam novos sabores para adicionar à cerveja, introduzem novos designs de garrafas. Um dos últimos exemplos neste campo é um conceito que não sou o único a estranhar: cerveja de pressão engarrafada. Conceito inovador, embora estranho. Estas inovações em produtos são altamente publicitados, servindo de estandartes de desenvolvimento, obrigando concorrentes a desenvolverem novos produtos concorrentes, ou seja, a inovarem também eles.
sábado, novembro 8
ó magalhães, quem são as tuas mães
sexta-feira, novembro 7
Um abismo obscuro e viscoso, um poço que não se usa na superfície do mundo
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
quinta-feira, outubro 30
Declarações médicas de quê?
quarta-feira, outubro 29
Aquilo
segunda-feira, outubro 27
toma lá...
Et il pleut
sábado, outubro 25
girl power o caralho
sexta-feira, outubro 10
MD
quinta-feira, outubro 9
You thought it was the start of something beautiful?
Para Nós
segunda-feira, outubro 6
sábado, outubro 4
"Estamos a viver numa crise de valores"
- ‘Tão mas conta-me lá, tu já não comes carne?
- Não.
- Mas… Como é que isso é possível, man…
- Pá, é possível. Porquê? Tu precisas de comer carne todos os dias?
- Yah, eu como carne todos os dias.
- Pá, yah… Mas a cena é que um gajo se vai habituando.
- Pá, fodasse, não consigo… Como é que é possível não comer carne?
- Pá, há a soja, e merdas assim que são tipo carne.
- Mas porque é que não comes carne? Dá-te pena do animal, é?
- Claro, man.
- Então e ovos e leite?
- Ah, isso ainda como.
- Fodasse, comes ovos e leite e não comes a vaca?
- Não man…
- Fodasse… Mas o animal é para matar! É natural! Um gajo tem de comer.
- Yah, mas tens outras coisas para comer, tipo soja…
- Fodasse… Mas tu viraste à esquerda?
- Yah, bué.
- Tipo, esquerda mesmo esquerda?
- Yah, mesmo bué esquerda.
- Tipo anarquismo?
- Isso mesmo.
- Fodasse… Então votas no quê?
- Não voto, voto nulo.
- Fodasse… Então não me digas que és contra as touradas também?
- Yah, claro! Sempre fui.
- E essa merda do vegetal e do anarquismo quando é que começou? Fodasse…
- Pá, sempre fui um bocado. Não foi de um dia para o outro, foi acontecendo.
- Então mas não comes carne há quanto tempo?
- Desde Janeiro.
- Fodasse… O que é que fizeste a ti, caralho.
- Pá, são opções.
- Yah, na boa.
- Yah.
- Mas tu não votas mesmo?
- Não, man.
- Então no que é que acreditas?
- Pá, acredito que o homem pode ser responsável.
- Responsável como? Não precisa de autoridade?
- Não, man. Tem de ser responsável por si próprio.
- Fodasse, então e não há polícia, é?
- Yah, o homem não pode ser reprimido.
- Então, mas assim era o caos… Podias matar à vontade!
- Não man, se tu és responsável, se tens moral, não vais matar, vais deixar os outros viver. Ou se fosse permitido tu matavas?
- Yah, se calhar sim!
- Matavas?
- Pá, se fosse preciso.
- Então não tens moral.
- Yah, eu tenho e sei que é mal matar, mas diz lá isso a um gajo das favelas… se não matar morre ele.
- Pá, yah, mas supostamente, o homem tem de se tornar responsável, sem precisar de autoridade.
- Fodasse, não me fodas!
- Pá yah, é assim…
- Olha, dá-me aí um cigarro… Os meus já acabaram e não fumo Davidoff há bués.
- Yah, yah, tira man.
- Obrigado.
- Na boa.
- Yah, eu quando tive na polónia, tive numa residência com duas gajas que são essa merda que tu és… pá e elas falaram-me uma beca naquilo.
- Yah…
- Fodasse, mas não me faz sentido, caralho. Comer carne é bué importante man. E tu comes ovos e leite.
- Yah, mas até fumar é uma hipocrisia minha.
-Porquê?
- Porque o tabaco é feito com gelatinas animais e…
- Fodasse, não me fodas!
- Yah.
- Pó caralho. Agora também vais deixar de fumar?
- Yah, tem de ser.
- Fodasse, o que é que fizeste contigo…
quinta-feira, outubro 2
look what you started
Ying Yang
...partiste por nada, ou talvez tenhas partido por qualquer coisa que está atrás dos meus olhos. A realidade é que não te encontras.
Às vezes, ensonado e em transição, começo a perder-me ou talvez a encontrar-me; sinto-me mesmo a sério, mas sinto-me cirandante em torno de mim próprio, um conjunto etéreo de partículas que deixam um inverosímil rastro. Novos pensamentos emergem da minha sombra, seguem-se uns aos outros ou então é sempre o mesmo, passa rápido por esta coisa que é o meu alcance e eu não lhe consigo prestar suficiente atenção para o descodificar, mas, esforço-me bastante; repete-se, lateja na minha cabeça sem que eu o possa entender.
Sinto que não devo parar o carro. Paro o carro porque tenho mesmo de parar. Vejo matéria orgânica trespassada à beira da estrada, matéria que está a sentir no máximo das rotações do sentimento, matéria que quase rebenta de tanto sentir. Eu sinto o seu sentimento e tiro as mãos dos bolsos para o apalpar, faço-o sem grandes problemas e ao largá-lo, fico com uma perene gosma nas minhas mãos. A matéria está dividida. Alguém grita «...CAÍU DE MOTA, CAÍU E IA MUITO DEPRESSA, MEU DEUS, MEU DEUS, AJUDE-O», aposto que iria espernear bastante se ainda tivesse uma perna que fosse, aposto que deseja a morte e mais que um desejo apenas, sente esse desejo na sua própria organicidade, sem qualquer somatização ou delírio psicotrópico. Está tão lúcido, grita tão alto...
«ah, vinha muito depressa, a culpa é dele», diz um senhor pouco importunado ou nauseado pelo cenário dantesco, diz um senhor com um olhar brilhante e uma postura espartana... Não esperava aquilo ali num contexto tão específico. O homem após ter condenado o enfermo que está no pique da sua vida (nunca foi tão intensa), apronta-se a abeirar-se dele e a consolá-lo de uma forma pouco assertiva, mas, é o único que se abeira dele e lhe toca e diz coisas como «vês, é por isto que não se deve andar por aí à maluca, já viste...». Ali, naquele curto espaço e marcado por poças de sangue, vi a união daquele que sente ao máximo e o que nada sente, a união entre a vida e a morte...
domingo, setembro 28
Pérolas esquecidas...
sábado, setembro 27
sexta-feira, setembro 26
Jesus...
Cada vez mais, os jovens do mundo desistem da religião e embraçam outros sistemas de crença. Uns contentam-se com o ateísmo, para não se chatearem, outros com o satanismo, pois a adopção de um sistema antagónico ao vigente não quer dizer nada a não ser “ah e tal, eu já fui sacristão, mas o padre embebedava-se e molestava-me, com hóstias nos mamilos.
Outros deixam de acreditar por isto que vem a seguir.
Depois deste vídeo, todos vão ficar a cantarolar a sua melodia melacenta e, por consequência, adoptar Jesus como seu “amigo”. E não, não estou a falar do espanhol que veio agora de Erasmus, chamado Jesus, oriundo de Badajoz, e de ascendência cigana.